Por Marcos Freitas Pereira
Apesar de vivermos em uma vida democrática há pouco tempo, 34 anos, ainda assusta-nos o fato de sentirmos a possibilidade de abalo ou de abolição dessa democracia. Muitos dos jovens hoje somente viveram nessa fase democrática, desconhecem, por experiência ou até por negligência cultural, os 21 anos de ditadura militar.
É nesse contexto que reside a preocupação dos atos e eventos provocados pelo governo ameaçando a nossa precoce democracia. O não respeito aos outros poderes, especificamente ao judiciário; o não respeito aos membros de outros poderes e o não respeito ao sistema eleitoral, atacam de forma direta os preceitos democráticos e o Estado de Direito do país. Ao ser empossado para a função de Presidente da República, este jurou respeito à Carta Constitucional, o que, de fato, não tem ocorrido.
Esse movimento liderado pelo Bolsonaro não é um movimento isolado no mundo. É o renascimento de um movimento político com características bem definidas. Um movimento que privilegia a uma classe social específica através de uma segregação racial, social, sexual, religiosa e cultural. Com o apelo de Deus, família e tradição, julga ser superiores aos que agem e pensam diferentes. O negro, o pobre, o homossexual, o artista e o intelectual, são pessoas, para esse movimento, que não agregam na vida deles, pelo contrário, atrapalham. Pode ser comprovado esse descaso do movimento com as ações não realizadas pelo governo na pandemia; as desconsiderações à classe artística, questionando e reduzindo as ações de incentivos culturais; a falta de ênfase no combate à pobreza, com exceção do período pré-eleitoral atual, de uma forma a demonstrar que eles estão lembrando dos pobres, pois os mesmos são 53% do eleitorado; as atitudes de machismo perante aos homossexuais e mulheres e a prática do negacionismo das ciências, da matemática, da estatística e da história.
Mesmo diante de todo esse cenário, 30% do eleitoral estão dispostos a manter esse presidente no poder. Por outro lado, 75%, segundo pesquisa DataFolha, de eleitores acreditam na democracia como forma de governo. Portanto, pode se deduzir que esses 25% mais 5% de eleitores são os que apoiam o atual presidente. A conclusão desse autor é de que os eleitores de Bolsonaro não privilegiam a democracia.
Por fim, e talvez o fato mais estarrecedor, é a manifestação de alguns empresários de marcas importantes e famosas de apoiar um golpe militar caso o atual presidente perca a eleição. Para esses empresários meu total desprezo e boicote a suas marcas. É patético eles acreditarem que fazer negócios em um ambiente não democrático seja eficiente, ambiente democrático pressupõe estabilidade jurídica contratual. Já é sabido que alguns países, inclusive EUA, não aceitarão rupturas institucionais, e em caso de ruptura, o Brasil ficará isolado do mundo. É só eles olharem o que está acontecendo com a Rússia nesse momento de guerra com a Ucrânia, a queda do seu PIB será bem significativa esse ano em função do seu isolamento do mundo.
Em tempo, enquanto escrevia este artigo, a Polícia Federal fez uma operação de busca e apreensão nas empresas e nas residências dos empresários que se manifestaram a favor do golpe em caso de vitória do candidato Lula.
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Natural de São Paulo, Marcos Freitas Pereira acumula mais de 25 anos de experiência de mercado. Doze destes anos foram como administrador em cargos de comando na Pousada do Rio Quente Resorts.
Exerceu as funções de Gerente de Orçamento e Finanças, Controller, Diretor Estatutário Administrativo Financeiro e Diretor de Relações com o Mercado. Além disso, dois anos como Diretor Superintendente, principal executivo da empresa.