Delivery de comida cresce na pandemia e estimula comércio de vizinhança

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Lara Guimarães teve buffet fechado com pandemia e adaptou alguns pratos para marmitas, como medalhão de filé mignon com cogumelo paris, arroz a piamontese e batata palha (Crédito: Chef Lara Guimarães)

O ano de 2020 foi marcado pela pandemia do novo coronavírus e por transformações importantes no comércio. O Pagar.me analisou, durante os seis primeiros meses do ano, o comportamento do varejo eletrônico, comparando o período pré-pandemia com o período de isolamento social. O segmento que obteve mais destaque foi o de Alimentos e Bebidas com aumento de 150% no volume de pagamento semanal. Dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, a ABComm, apontam crescimento de 85% de pedidos de alimentos em aplicativos de entrega.

Por sua vez, uma pesquisa da consultoria Food Consulting apontou um número significativo de consumidores que vem optando por ligar diretamente (34%) ou fazer o pedido pelo WhatsApp dos estabelecimentos (32%); uma quantidade menor (4%) pede pelo Instagram ou Facebook. São números que evidenciam como também existe uma relação direta entre fornecedor e consumidor, sem intermediários na entrega. E nada mais prático do que comprar de alguém próximo, como um vizinho.

Maria Nellia Pereira Coutinho investiu nas marmitas fitness para vender para os vizinhos do Residencial Aldeia do Vale (Crédito: Vita Fitness 20)

Um exemplo desse movimento estimulado pela pandemia pode ser visto entre os moradores do Residencial Aldeia do Vale, em Goiânia. Um mês depois do início do isolamento social, a moradora Maria Nellia Pereira Coutinho começou a vender marmitas fitness no condomínio horizontal.

“Eu já fazia uma alimentação mais leve para mim e meus amigos me incentivaram a vender. Com a pandemia decidi aproveitar a oportunidade, pois muitos vizinhos não queriam sair de casa”, revela ela, que faz tudo sozinha, desde a preparação dos alimentos até a entrega.

Nellia, como é chamada pelos conhecidos, faz as marmitas frescas compostas de carboidratos e proteínas de segunda a sexta-feira no almoço, cada dia com uma opção diferente, e a noite começou neste mês a servir caldos e sopas, também com uma opção por dia. “Meus clientes são excelentes! Muitos pedem apenas para experimentar, gostam e acabam aderindo a alimentação mais saudável”, conta ela que criou o perfil Vita Fitness 20 no Instagram para divulgar seus produtos. A cozinheira possui uma lista de transmissão no WhatsApp entre os clientes, para os quais envia o cardápio do dia, entre as marmitas preferidas dos clientes estão a de estrogonofe de frango e filé de tilápia.

Marmita de filé de tilápia é uma das preferidas dos clientes de Nellia, no Aldeia do Vale, em Goiânia (Crédito: Vita Fitness 20)

Em expansão

Outro exemplo é a chef Lara Guimarães, que viu seu buffet parar em razão da proibição de eventos e optou por fazer pratos para vender no residencial Aldeia do Vale, onde mora há quatro anos com o marido e os quatro filhos. “Percebi a necessidade dos moradores, muitos dispensaram as funcionárias no início do isolamento, outros queriam opções diferentes de comidas”, relembra ela, que atua com gastronomia há dez anos, já fez vários cursos e uma graduação na área.

“Decidi oferecer nos grupos do condomínio um prato por dia. Comecei com um risoto e hoje o menu conta com oito a dez pratos por dia, diferentes entre almoço e jantar”, explica Lara, que cozinha sozinha, de terça a domingo, e conta com a ajuda do pai e da irmã para fazer entregas, compras e organização dos pedidos. Hoje ela tem um grupo só entre os moradores interessados no Lara Guimarães Delivery. A chef conta que já atingiu 200 clientes no condomínio, sendo que cerca de 50 são fixos.

A chef Lara Guimarães faz marmitas para os vizinhos do Aldeia do Vale com pratos variados como o fetuccine ao molho pomodoro com camarões e manjericão
(Crédito: Chef Lara Guimarães)

Lara revela que entre os pratos mais pedidos estão o risoto de filé a grana padano e o arroz a piamontese com batata chips. Opções de petiscos que possui em seu buffet como o queijo coalho crocante com mel e alecrim também agradam. O seu negócio de buffet, inclusive, voltou a funcionar, mas segue em ritmo lento devido às restrições a eventos ainda existentes pela pandemia. No entanto, ela não irá parar com a atuação entre os vizinhos. “Eu amo cozinhar e pretendo continuar não apenas com o delivery, mas quero abrir um espaço físico aqui dentro do Aldeia do Vale, assim como existem outros restaurantes”.

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