Há cerca de um mês, desde o final de fevereiro, os associados da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg) vêm se preparando para o atendimento de pacientes neste período de pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Com 33 instituições associadas, sendo mais de 20 hospitais em Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Rio Verde e Catalão, a Ahpaceg conta com cerca de 500 leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e capacidade assistencial instalada.
O presidente da Associação, Haikal Helou, observa que se os casos acontecerem em diferentes momentos, os hospitais podem atender com tranquilidade. Porém, um aumento excessivo na demanda, superior à capacidade, levará a um cenário de guerra, de escolha de quem será atendido. “Por isso, a prevenção e quarentena são importantes para evitar que todos fiquem doentes ao mesmo tempo”, disse.
Confira como os associados da Ahpaceg vêm se preparando para o atendimento e quais as dificuldades enfrentadas nesse momento:
PLANO DE AÇÃO – Em reunião no dia 27 de fevereiro, a Ahpaceg aprovou um plano de ação de acordo com recomendações dos órgãos estaduais, municipais, entidades do setor e do Ministério da Saúde e baseado em quatro pilares:
- a adoção por todos os hospitais de um protocolo único de diagnóstico e tratamento da doença (protocolo do Ministério da Saúde);
- a capacitação e proteção dos trabalhadores dos hospitais;
- o diagnóstico de forma rápida e eficiente para iniciar o tratamento necessário;
- a disseminação de orientações sobre a prevenção da doença com a propagação da cultura de que só devem
- procurar os prontos-socorros dos hospitais os pacientes que têm indicação (febre, tosse e insuficiência respiratória).
CAPACITAÇÃO – Por meio da Coordenação de Educação Continuada da Ahpaceg, as equipes técnicas dos hospitais estão sendo capacitadas de forma contínua para a implantação deste plano, inclusive com visitas nas unidades.
TRABALHADORES – Para a proteção dos trabalhadores, além das medidas habituais contra contaminações, como o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), os hospitais afastaram colaboradoras gestantes. Trabalhadores com mais de 60 anos de idade e pessoas com doenças autoimunes também estão sendo dispensados do cumprimento do expediente ou remanejados de função para evitar contato direto com o público.
VISITAS/ISOLAMENTO – A maioria dos hospitais também está restringindo visitas aos pacientes para reduzir o número de pessoas em circulação na unidade e evitar os riscos de contaminação e isolando alas para a internação dos pacientes.
CIRURGIAS ELETIVAS – Cumprindo determinações dos órgãos de saúde e de entidades médicas, as cirurgias eletivas foram suspensas. Atualmente, muitos hospitais estão com 85% dos leitos ociosos em função desta medida que visa resguardar vagas e reduzir o consumo de materiais para assegurar o atendimento a pacientes com o novo coronavírus.
EXAMES – Para a realização de exames de diagnóstico em pacientes dos hospitais associados, a Ahpaceg firmou uma parceria com o Laboratório Hermes Pardini, no começo de março. No dia 16, diante a escassez de kits para análise, os exames foram restritos a pacientes internados. Quem chega a prontos-socorros sem os sintomas da doença e sem indicação médica para o teste não está sendo submetidos ao exame. Os resultados, antes entregues em 2 dias, agora demoram cerca de 5 dias.
BANCOS DE SANGUE – No dia 20 de março, o Instituto de Hemoterapia de Goiânia (IHG) e o Hemolabor, bancos de sangue associados, e o parceiro Honcord ampliaram o horário de atendimento e fizeram uma campanha nas redes sociais conclamando doadores habituais. A campanha já surtiu efeito, as doações aumentaram nos últimos dias, mas o apelo continua para que novos doadores compareçam.
ATENDIMENTOS – Inicialmente, os hospitais enfrentaram um grande aumento na demanda por parte de pacientes assustados com risco de contaminação. Após alertas para que só procurassem os hospitais em casos de necessidade, se apresentassem os sintomas da Covid-19, houve um período de calmaria. Agora, a previsão é que os hospitais entrem em uma terceira fase, com o aumento da demanda por parte de pessoas realmente infectadas.
PLANOS DE SAÚDE – A Ahpaceg está em negociação com os compradores de serviços de saúde, como o Ipasgo, Unimed Goiânia e outras operadoras, para garantir e ampliar o atendimento aos cerca de 1 milhão de usuários de convênios da região metropolitana de Goiânia que têm planos de saúde e buscam os hospitais da Ahpaceg.
GOVERNADOR – No dia 16 de março, o Comitê de Gestão de Crises da Ahpaceg reuniu-se com o governador Ronaldo Caiado para tratar do enfrentamento da pandemia na rede hospitalar privada. A Ahpaceg relatou dificuldades enfrentadas e propôs uma ação conjunta entre os hospitais privados e a rede pública para garantir uma assistência com segurança e resolutividade aos pacientes, principalmente à parcela da população que conta com planos de saúde e que dificilmente buscará atendimento nos hospitais públicos. Também foi solicitada uma linha de crédito para o setor hospitalar.
DIFICULDADES – Em vídeo divulgado no dia 25 de março, o presidente da Ahpaceg fez um apelo aos órgãos competentes para que socorram os hospitais associados e ajudem na solução de três grandes problemas:
A falta de EPIs em um momento no qual são ainda mais necessários. Alguns produtos desapareceram do mercado. Outros, quando encontrados, têm aumentos abusivos, que chegam a 4.000%.
A perda de profissionais com a necessidade de afastamento temporário de gestantes, pessoas com mais de 60 anos de idade ou com doenças autoimunes ou diante da saída espontânea de trabalhadores.
A queda na receita dos hospitais diante da exigência de suspensão de cirurgias eletivas. A Ahpaceg entende a necessidade da economia de recursos materiais e de resguardar leitos para possíveis atendimentos a casos do novo coronavírus, mas reivindica uma linha de crédito junto ao governo e o apoio das operadoras de planos de saúde para enfrentar essa situação.