O cooperativismo goiano pode colaborar em duas frentes para reduzir os impactos negativos causados pela pandemia da covid-19 no Estado: com profissionais de saúde para ampliar os pontos de vacinação e com as vans escolares, paralisadas há um ano, para o transporte de trabalhadores do setor privado, reduzindo a pressão sobre os terminais e os ônibus coletivos da Grande Goiânia.
A cooperativa Personallity realizou recentemente o treinamento e capacitação de quase 500 profissionais da saúde e, desse montante, 40% estão disponíveis para trabalhar voluntariamente na vacinação contra o coronavírus, em Goiás. O curso abordou temas como manipulação, armazenamento, administração e descarte do imunobiológico. A cooperativa afirma que estes voluntários estão treinados e à disposição do Estado e de prefeituras da Região Metropolitana para colaborarem com a campanha de vacinação.
“As equipes de saúde das redes hospitalares estão exaustas e não podem deixar seus locais de trabalho para ajudar na vacinação. E nós precisamos vacinar uma grande quantidade de pessoas urgentemente”, afirma o presidente da cooperativa Personallity, Dilmy de Oliveira Rangel.
“Colocamos à disposição, sem custo algum, 200 profissionais capacitados, para a administração e todo manuseio das vacinas”, enfatiza. Segundo informações da Secretaria Estadual da Saúde, muitas prefeituras goianas enfrentam dificuldades de pessoal para ampliar a vacinação em seus municípios e a ajuda da cooperativa seria importante para ajudar a desafogar o serviço das equipes de saúde.
Transporte
Outro problema na pandemia tem sido a aglomeração de pessoas nos terminais e ônibus do transporte coletivo da Região Metropolitana, favorecendo a proliferação do coronavírus. Uma alternativa seria o uso de vans escolares, que estão paralisadas há um ano por conta das restrições de aulas presenciais nas redes privada e pública da Grande Goiânia, para o transporte de trabalhadores, principalmente do setor privado.
Presidente da Cooperativa de Transporte Escolar e Turismo de Goiás (Cooperteg), Adilson Humberto de Lellis afirma que na capital existem cerca de 300 vans escolares paradas e que podem fazer este serviço pelo mesmo valor da tarifa do transporte público convencional.
“O nosso segmento já passou da fase de dificuldades e está agora na fase de desespero. São centenas de famílias, apenas em Goiânia, sem renda há um ano. Muitos já venderam suas vans, sua única fonte de renda, para pagarem suas contas e colocar alimento em casa. Estão indo para o comércio informal ou para trabalhos de motorista no interior, com redução do poder de renda”, afirma.
A ideia, segundo o presidente da Cooperteg, seria o Poder Público autorizar que as vans escolares possam, por tempo determinado, realizar o transporte de passageiros nas principais linhas de ônibus da Grande Goiânia, especialmente para levar trabalhadores das indústrias e do comércio. Para isso, seria feito um cadastramento para a permissão temporária, que seria suspensa assim que a vacinação contra a covid-19 atingisse, pelo menos, 60% da população.
As vans seriam obrigadas a atender todos os protocolos de segurança sanitária e transportar apenas passageiros sentados. “Podemos tirar, com segurança e maior conforto, até 10 mil trabalhadores dos ônibus lotados, reduzindo a pressão sobre o transporte coletivo e o contágio de pessoas pela covid-19. Também ajudaria os trabalhadores do nosso segmento neste momento difícil”, afirma Adilson Humberto.
Convém lembrar que, no ano passado, numa mobilização do Sistema OCB/GO em parceria com a Assembleia Legislativa e com o Governo de Goiás, foram doadas 3 mil cestas básicas para as famílias que atuam no transporte escolar por três meses, além de abertura de linha de crédito pela Goiás Fomento com taxas reduzidas para o segmento.
O presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira, afirma que as alternativas apresentadas pelas cooperativas podem amenizar dois problemas que preocupam muito hoje a sociedade goiana: pessoal capacitado para ampliar a vacinação de pessoas em Goiás e redução da aglomeração de pessoas no transporte público da Região Metropolitana.
“São propostas que precisam ser conversadas com o governo do Estado e com as prefeituras da Grande Goiânia. Seriam medidas de caráter emergencial, por tempo determinado e com ampla fiscalização do Poder Público, mas que podem ajudar para que possamos superar o mais rápido possível esta grave segunda onda da Covid-19”, afirma.
Luís Alberto Pereira enfatiza que as iniciativas das cooperativas goianas comprovam um fato que é comum no cooperativismo e faz parte dos seus princípios: o interesse pela comunidade. Lembrou que, ao longo dos anos, diversas cooperativas do Estado e do Brasil, dos mais diferentes ramos e tamanhos, desenvolvem ações sociais.
“Nós mesmo, da OCB/GO, já fizemos durante a pandemia uma grande ação social para as cooperativas de reciclagem, visando minimizar um pouco o sofrimento das pessoas que trabalham nessa atividade. Estamos sempre incentivando isso, é uma filosofia nossa o interesse pelas pessoas. Somos uma empresa feita de pessoas e de valores. Ações como essa só comprovam isso”, frisou.