Cooperativas impactam 1,5 milhão de pessoas em Goiás, aponta estudo inédito da UFG

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Professor da UFG, Juliano Lima Soares, coordenador do estudo (Crédito: Sistema OCB/GO)

O cooperativismo impacta a vida de 1,5 milhão de pessoas em Goiás. É o que revela um inédito e completo estudo sobre as cooperativas goianas realizado pela Universidade Federal de Goiás (UFG), a pedido do Sistema OCB/GO. O Panorama do Cooperativismo Goiano foi apresentado nesta segunda-feira (2/10), em comemoração aos 67 anos de atividade da entidade. O período de coleta de dados foi de março a junho de 2023 e a análise foi feita entre julho e agosto, do mesmo ano, com 2,1 mil pontos analisados de um conjunto de 326,1 mil informações.

O estudo confirma o poder do cooperativismo em Goiás. Em 2022, o Estado contava com 260 cooperativas filiadas à OCB/GO. Somadas, elas possuem 464.242 cooperados e 15.698 empregados diretos. “Se considerar que cada um desses indivíduos representa um domicílio e que em cada domicílio há em média 3 moradores, estima-se que 1.439.820 pessoas são afetadas direta ou indiretamente pelo cooperativismo em Goiás. Esse número é maior que toda a população do município de Goiânia, conforme dados do último censo (2022)”, afirma o professor pós-doutor da UFG, Juliano Lima Soares, coordenador do estudo.

“O Panorama do Cooperativismo Goiano possibilitará diversas reflexões, além de contribuir na compreensão do comportamento das cooperativas, cooperados e empregados nos últimos dez anos e ajudará a pensar o cooperativismo para os próximos dez anos”, afirma o presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira. “Ao mesmo tempo que cuidamos das grandes cooperativas em Goiás, também nos preocupamos em incentivar as pequenas e médias, que têm como base os projetos e ações sociais”, enfatiza.

“Em parceria com a OCB/GO, o Estado de Goiás tem apresentado muitas conquistas. O Cinturão da Moda, por exemplo, foi uma ação inovadora que trouxe Goiás para o centro da confecção no País. Hoje, o polo de moda da Região da 44 é o segundo maior do Brasil. Com o Cinturão, será o primeiro em breve. E as cooperativas terão papel importante nesse processo”, afirmou o secretário estadual da Indústria, Comércio e Serviços (SIC), Joel Sant’Anna Braga Filho. Ele também representou o governador Ronaldo Caiado (UB) no evento do Sistema OCB/GO.

Crescimento

Em 2022, o número de cooperativas registradas na OCB/GO foi de 260. Desde 2012, o salto foi de 41 novas cooperativas, um acréscimo de 18,7%. O ramo agropecuário lidera com 82 cooperativas, 31,5% do total. O ramo de transporte também se destacou, com 50 cooperativas (19,2% do total). É seguido pelos ramos de saúde, com 44 cooperativas (16,9%); crédito, com 32 (12,3%); e trabalho, produção de bens e serviços, com 25 (9,6%). Os ramos de consumo e infraestrutura contavam no ano passado com 12 (4,6%) e 15 cooperativas (5,7%), respectivamente.

O número de cooperados chegou a 464.242 em 2022 no Estado, crescimento de 21,2% em relação ao ano anterior (2021). A análise da distribuição por gênero dos cooperados ao longo dos últimos seis anos revela tendências importantes. Em 2017, os homens eram a maioria, representando 69,3% do total de cooperados em Goiás. Nos anos seguintes, essa proporção diminuiu gradualmente, para 60,8% em 2022. Por outro lado, a participação das mulheres apresenta forte crescimento. Em 2017, elas constituíam 30,6% dos cooperados. No ano passado, eram 39,1% do total, o que indica que num horizonte não muito distante, elas devam alcançar o mesmo patamar de participação masculina.

Colaboradores

Segundo o estudo da UFG, em 2022 as cooperativas reportaram um total de 15.698 colaboradores diretos, aumento de 25,8% em relação ao ano anterior. A maior parcela dos empregados detém Ensino Médio completo e Superior incompleto, totalizando 49%. Outros 30,9% dos colaboradores possuem Ensino Superior completo. Já aqueles que possuem formação entre Fundamental completo e Médio incompleto representam 7,27% do total.

Os dados do Panorama do Cooperativismo Goiano 2023 evidenciam também maior distribuição das riquezas geradas pelas cooperativas. No ano passado, a folha salarial das 260 cooperativas ultrapassou a marca histórica de R$ 1 bilhão, crescimento de 102% em relação ao total de 2012.

Faturamento

As receitas brutas das cooperativas registradas no Sistema OCB/GO somaram R$ 30,9 bilhões no ano passado, aumento de 46% em relação a 2021. Destaque para o ramo agropecuário, cujo valor passou de R$ 6 bilhões, em 2018, para R$ 20,2 bilhões, em 2022. O ramo de crédito também teve aumento significativo no último ano, saltando de R$ 3,4 bilhões, em 2021, para R$ 6,5 bilhões, em 2022.

Os ativos das cooperativas goianas cresceram 158,2% entre 2018 e 2022, quando foram contabilizados R$ 50,2 bilhões. Já o capital social somou R$ 8,831 bilhões, em 2022, aumento substancial de 46% em relação ao ano anterior.

Os dados do Panorama do Cooperativismo Goiano evidenciam também representativo crescimento nos últimos três anos na arrecadação de impostos pelas cooperativas registradas na OCB/GO. Isso contribui com o desenvolvimento econômico e social de Goiás. No ano passado, o setor gerou arrecadação de R$ 1,054 bilhão em impostos no Estado, aumento de 46%, se comparado com 2021, e três vezes mais (aumento de 238,6%) que o montante arrecadado em 2018.

Já o resultado operacional líquido das cooperativas goianas, que no setor é chamado de sobras (e são repassadas aos cooperados), teve aumento de 375,8% entre 2018 e 2022, quando encerrou com R$ 2,764 bilhões. “O cooperativismo, ao contrário das empresas tradicionais, se fortaleceu durante a pandemia. Porque a cooperação é o que diferencia o modelo de qualquer outro no mundo. É a intercooperação que fomenta a inovação dentro do cooperativismo”, afirma o professor Juliano Lima.

A solenidade realizada na sede do Sistema OCB/GO contou com as presenças de várias lideranças e autoridades, entre elas, a prefeita de Bela Vista, Nárcia Kelly; do secretário-executivo da Fazenda de Aparecida de Goiânia, Paulo Borges; do presidente do Codese, Carlos Alberto Moura; do vereador de Goiânia, Denício Trindade; do vice-presidente do CRC-GO, Henrique Ricardo Batista, entre outras. O evento foi encerrado com palestra da economista Rita Mundim sobre o protagonismo do cooperativismo goiano.

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