Depois de vários anos de muitos problemas e prejuízos devido à má qualidade da energia elétrica em Goiás, produtores rurais verificaram uma sensível melhoria do serviço em 2020. Um exemplo foi no período de chuvas, encerrado em abril, quando foram consideravelmente reduzidas as quedas ou variações no fornecimento de energia elétrica no Estado. O levantamento foi realizado pela OCB/GO neste mês, junto às principais cooperativas que atuam no setor do agronegócio em Goiás. “É sensível a melhora na qualidade da energia elétrica na zona rural do Estado. A maioria dos produtores rurais praticamente reduziu neste ano a zero os custos com geradores de energia”, afirma o presidente da entidade, Luís Alberto Pereira.
Em Goiás, 75 cooperativas e mais de 35 mil cooperados atuam no setor do agronegócio. O custo com geradores de energia, movidos a diesel ou gasolina, variava de R$ 1 mil a R$ 2 mil, por mês, para um pequeno produtor de leite em Goiás, segundo levantamento da OCB/GO – fora o custo com a aquisição do equipamento. Muitos produtores goianos, especialmente os que produzem perecíveis, foram obrigados a arcar, nos últimos anos, com essas despesas, para reduzirem perda da produção por falta de energia elétrica.
Vice-presidente da Cooperativa Agropecuária Mista de Piracanjuba (Coapil), Astrogildo Gonçalves Peixoto confirma o levantamento da OCB/GO. “A melhora neste ano foi significativa, com redução para quase zero das perdas e dos custos para os nossos produtores cooperados”, diz. “No período das chuvas, por exemplo, para milhares de pequenos produtores, a energia elétrica praticamente só chegava por meio dos geradores. Neste ano, com raras exceções, estes geradores ficaram desligados”, ressalta Astrogildo.
Não apenas no agronegócio, mas a melhoria na qualidade da energia elétrica em Goiás também é notada no setor industrial. “Depois dos primeiros três anos de muitos problemas, ao assumir as operações de uma empresa sucateada, que era a Celg, a Enel tem realizado os investimentos prometidos e isso é percebido sensivelmente pelas indústrias em Goiás, com significativa redução no número de interrupções no fornecimento da energia, por exemplo. Apesar de que muito ainda precisa ser feito nos próximos três anos para garantir a energia elétrica necessária para atender toda a demanda represada hoje no Estado e, principalmente, para atender as novas demandas que serão criadas com a retomada do crescimento econômico”, afirma o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg), Sandro Mabel.
Investimentos
A Enel Goiás informa que, nos últimos anos, triplicou o volume de investimentos na rede de energia elétrica em Goiás, para média de R$ 780 milhões por ano, comparado com as médias de investimentos realizadas na época da Celg D. Somente em obras para modernização e expansão da rede elétrica na zona rural do Estado, a empresa informa ter investido R$ 488 milhões. Segundo o presidente regional da companhia, José Luís Salas, os aportes realizados desde quando a empresa assumiu a gestão da distribuidora, em 2017, foram direcionados para ampliação, manutenção e implantação de tecnologia, e com a construção de 4,1 mil quilômetros de novas redes de distribuição de baixa, média e alta tensão.
“Sabemos que temos muito ainda para melhorar, mas os indicadores que avaliam a qualidade da rede elétrica de Goiás avançaram muito. O sistema, por exemplo, suportou muito bem o último período chuvoso no Estado, graças aos investimentos que temos realizado na construção de novas subestações e na ampliação das existentes, além do aumento de 88% das nossas equipes de campo, que hoje têm quase 2 mil técnicos. Também dobramos os postos de operação para 61 unidades em Goiás”, afirma José Luís Salas. O presidente da Enel Goiás afirma que a rede elétrica no Estado tem 240 mil quilômetros. “Temos investido também para modernizar esta rede, com uso de tecnologia de ponta e materiais de qualidade que vão garantir melhorias significativas no fornecimento de energia elétrica, especialmente para a zona rural”, frisa.
A Enel Goiás ainda informou para a OCB/GO que os investimentos vão contribuir também para o avanço no atendimento à demanda reprimida do Estado, com mais de 50,1 MVA de potência em pedidos de liberação ou aumento de carga em propriedades rurais. “É o equivalente ao consumo de Rio Verde”, frisa o presidente José Luís Salas. “Reconhecemos os esforços, por meio dos investimentos realizados, da Enel Goiás. É um quadro muito diferente daquele que as nossas cooperativas do agronegócio e do setor industrial lidavam até o ano passado, sofrendo muitos prejuízos na produção e nas vendas, por causa da falta de energia elétrica”, enfatiza Luís Alberto Pereira, da OCB/GO.
José Luís Salas diz que a empresa também tem buscado maior aproximação com seus clientes, como as cooperativas, para avaliar suas demandas e buscar as melhores soluções. No início desse ano, a Enel Goiás, atendendo pedido da OCB/GO, autorizou que seus fornecedores usem fianças bancárias emitidas por cooperativas de crédito, que até então não eram aceitas como instituições emissoras de garantia bancária nas relações contratuais da companhia.
A Enel controla a distribuidora em Goiás desde 2017, após ter vencido, no final de 2016, o leilão de privatização da estatal Celg-D, que era controlada pela Eletrobras e pelo governo goiano, ao apresentar o único lance pela companhia, de cerca de R$ 2,2 bilhões. No final do ano passado, quando já sofria críticas de Caiado, a Enel disse que “herdou uma rede elétrica em condição precária após 10 anos de falta de investimentos na gestão estatal” e destacou que já havia investido mais de R$ 2 bilhões na rede da região.