A procura por aluguel de casas continua crescente em Goiânia. A nova concepção dos lares, imposta pela pandemia da Covid-19 diante do isolamento social no ano passado, invade 2021 com a mesma força de antes.
Os cidadão ainda estão trocando o aluguel de seus apartamentos por imóveis maiores, de três ou mais quartos, com quintal ou área de lazer. Na Desenrola, plataforma digital de locação e venda de imóveis, cerca de 40% da procura hoje em Goiânia é por casas. A procura por casa com quintal aumentou 100% em 2021 e há demanda também por apartamentos de 3 quartos e casas com espaços de lazer. Tem até fila de espera.
Assim que um imóvel deste perfil é disponibilizado ao mercado para locação, ele é locado no prazo de uma semana, período entre a visitação e o envio de documentos. Gerente comercial da empresa, Priscilla Leão confirma que a troca por imóveis com mais espaço e conforto que nasceu no ano de 2020 ainda se mantém tendência em 2021. Ela conta que casas em condomínios menores são as opções mais preferidas pelos clientes, pois oferecem a segurança de um apartamento aliada ao conforto de uma casa.
“Como a oferta não é grande, logo o cliente opta por residências avulsas em bairros com fácil acesso. Como o deslocamento é fácil em Goiânia se comparado a outras capitais, a flexibilização dos bairros fica mais tranquila e com mais opções”, explica.
Uma curiosidade apontada por Priscilla é que, até setembro de 2020, imóveis com este perfil para locação, que se encontravam disponíveis para locação por um período de 200 dias, tiveram seus negócios fechados de imediato a partir deste período. “E não parou mais. Temos fila de espera por moradias no sistema. Tá bem disputado”, acrescenta.
Antes da pandemia, o apartamento da família dos empresários e publicitários Ana Beatriz Ferri e do Thiago Leopoldino, que possuem uma filha e um cachorro, atendia plenamente às necessidades dos três. Era prático e seguro. Por ser menor, e por ficarem também fora de casa por pelo menos um período do dia, o espaço era suficiente. Tudo mudou quando começou o isolamento social, quando surgiu a necessidade de uma qualidade de vida maior, considerando principalmente a questão do espaço e do lazer.
“Estávamos todos muito presos em casa, onde trabalho, lazer, atividade física se misturavam em um único cenário e isso nos incomodava já. Queríamos ter mais espaço para cada um se sentir mais livre, mais confortável também com a nova rotina de escola e trabalho onde cada um precisava de um cantinho adequado para trabalhar e estudar. Queríamos poder respirar, andar um pouco, sair da sensação de prisão que vivíamos ali”, lembra Ana.
No apartamento de 90 metros quadrados, eram três pessoas que precisavam trabalhar e estudar ao mesmo tempo. Para isso funcionar de forma saudável, era imprescindível mais espaço e com conforto. “Além disso, queríamos ter mais contato com a natureza, pois a pandemia nos limitou bastante e encontrar isso em um condomínio poderia resolver. A casa em si já nos proporcionaria mais conforto, mais espaço e bem-estar. Ter uma varanda ou quintal também seria ótimo para um refúgio, uma distração maior mesmo sem sair de casa”, ponderou a empresária.
Em julho de 2020 a troca pelo novo lar foi feita. Uma casa com muita área verde, mais espaço e conforto para todos da família. Como ela mesmo define, um quintal com área livre, um condomínio com muita área verde que e que permite dar uma volta no bosque, respirar ao ar livre, olhar para o céu, andar de patins e bicicleta. Tudo o que não tinha antes vivendo em um residencial vertical. “Estamos bem melhores vivendo desta forma hoje. Nossa casa tem espaço para uma criança brincar de forma mais livre sem atrapalhar o adulto que está em reunião, por exemplo. Tem espaço para o cachorro viver mais feliz e livre também! Escritórios individuais que nos permitem uma rotina de trabalho mais agradável”, completa, e felizes pela decisão que, garante, foi influenciada pelo atual momento.
“Ficar muito tempo fechada em casa, com criança, com trabalho, rotina do lar, tudo isso nos desperta a vontade de ‘mudar’, sair da zona de conforto que não é mais tão confortável assim. Já que era para continuarmos assim, fechados em casa, que fosse com mais espaço e qualidade de vida”, aponta.
Mudanças
As rotinas atribuladas e o pouco tempo para o convívio em casa deram lugar a uma mudança brusca do dia a dia e ao isolamento social. Esse cenário trouxe uma nova relação com o ambiente caseiro. O conforto e o aconchego passaram a ser itens indispensáveis considerados pelas famílias, que começam a sonhar e a planejar um novo imóvel para abrigar um lar que ofereça maior qualidade de vida para todos. Um quarto a mais, um espaço para abrigar o home office, mais iluminação e ventilação, uma área externa, ou até mesmo um imóvel menor, dentro das necessidades percebidas pelo atual cenário. O momento combina também com a baixa taxa de juros, que sinaliza mais queda, e as condições facilidades de financiamentos imobiliários pelas instituições financeiras.
De acordo com a psicóloga clínica e consteladora familiar, Rosângela Montefusco, a referência de lar geralmente é um local onde a pessoa se sente segura, protegida, acolhida e amada. Enquanto ambiente físico construído, a casa é uma extensão do sentimento dessas pessoas e serve para protegê-las, acolher, dar aconchego, gerar bem-estar, tenha como base a simplicidade, sendo aqui um modo de vida daquelas que se ocupam mais com o próximo do que com o ambiente, que deve conter elementos que ativem todos os meus sentidos, como visão, audição, olfato e tato.
“Então, que tenha textura, cores quentes e apropriadas para cada ambiente, iluminação favorável, integração com o dia e a luz da noite, composto por espécies naturais, como flores e verde, que dão um tom de humanidade nas pessoas que vivem ali o ambiente”, pontua Montefusco.
Momento ideal
O momento vai ao encontro também à atual conjuntura econômica proporcionada ao setor imobiliário: baixa taxa de juros e as condições facilidades de financiamentos habitacionais pelas instituições financeiras.
De acordo com o presidente da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO), Roberto Razuk, a situação propicia ao indivíduo apurar melhor suas necessidades de conforto, de bem estar e de desejar um ambiente com mais espaço, melhor iluminação, ventilação. “Ele percebe que está morando bem e vai idealizar um imóvel melhor, que atenda às suas necessidades e desejos”, explica.
Neste momento, o presidente da Ademi destaca que é possível começar o sonho da casa própria e que planejamento e pesquisa de imóveis são perfeitos para o período do distanciamento. Para quem já possui recursos, o atual cenário imobiliário com juros baixos, financiamentos facilitados e sem burocracia colaboram para o cenário ideal para a concretização deste plano.
“A combinação de oferta de imóveis com preço atrativo, perspectiva de alta nos preços e taxas de juros baixas sinalizam, mais do que nunca, que este é o melhor momento para se investir em imóveis, tanto para realizar o sonho da casa própria quanto para investimentos”, observa.