Levantamento realizado pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) com construtoras de todo o país para verificar a real situação do problema da escassez de insumos aponta que, entre as 206 empresas consultadas, 84% disseram que há desabastecimento de aço em suas regiões. A Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Goiás (Ademi-GO) alerta que a situação não é diferente em Goiânia e um dos impactos é o aumento do preço e alongamento do prazo de entrega dos imóveis aos cliente.
O empresário Renato de Sousa Correia, membro efetivo dos Conselhos Consultivo e de Ética da Ademi-GO e vice-presidente da região Centro-Oeste do Conselho de Administração da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), explica que o cenário de desabastecimento do aço, uma das principais matérias-primas da construção civil, impacta diretamente nos empregos e no ataque ao déficit habitacional.
“Diante deste cenário, as empresas possuem duas opções de sobrevivência: aumento do preço de venda do imóvel ou não realizar lançamentos”, aponta.
Caso o empresário opte pelo aumento do valor do imóvel, repassando assim o aumento do custo do aço, observa Renato, a renda do público que antes tinha acesso àquele empreendimento passa a não atender mais devido ao reajuste, o que impacta diretamente nas vendas. “Quando há uma alta no preço, tira-se a capacidade de compra”, explica.
A CBIC também perguntou às empresas quais materiais estão com o prazo de entrega maior que o habitual. Para 82,9% delas, a resposta foi o aço. Questionadas sobre o prazo médio de entrega das usinas em suas regiões, 39,3% das empresas responderam “entre 30 e 60 dias” e 25,7% responderam “entre 60 e 90 dias”.
Outro efeito direto do desabastecimento são as demissões. Com o adiamento de lançamentos, obras deixam de ser feitas, o que gera grande volume de demissões na construção civil.
“E temos também os impactos indiretos, como é o caso das obras públicas, que terão que avaliar o reequilíbrio dos seus contratos. O desembolso será maior para que os projetos fiquem prontos, utilizando aí subsídios que poderiam ser utilizados para ajudar a combater o grande déficit habitacional que temos hoje em nosso país”, aponta.
Para Renato, a saída para esta problemática é o imposto zero na importação do aço e o estímulo à concorrência, pois hoje apenas dois fabricantes dominam o mercado brasileiro. “São ações fundamentais para o crescimento do país”, acredita.
PRAZO
Na última terça-feira, dia 23, durante reunião no Ministério da Economia com representantes da cadeia produtiva do aço e entidades representativas dos principais compradores do país, a CBIC propôs ao governo a redução do imposto sobre a importação do aço para tentar resolver o problema do desabastecimento.
“Precisamos de um choque de oferta para restabelecer o equilíbrio entre a oferta e a demanda. Nossa proposta é a redução imediata do imposto de importação”, disse José Carlos Martins, presidente da entidade.
A CBIC apresentou ao secretário de Produtividade, Emprego e Competitividade, Carlos da Costa, os resultados de sua pesquisa com empresários mostrando a percepção deles em relação ao desabastecimento.
Para Martins, enquanto a oferta e a demanda não forem normalizadas não será possível estabilizar preços. “Quando a construtora tenta comprar da siderúrgica e não consegue, vai na distribuidora e se depara com um valor muito alto”, disse.
O desabastecimento e a insegurança com relação aos custos de vários materiais podem prejudicar a atividade da construção, que no início do ano projetava crescer 4% em 2021 e gerar 200 mil novas vagas de empregos.