*** Por Haikal Helou
“O mundo que conhecíamos acabou!”. Temos ouvido isso com uma frequência estridente. É verdade? Difícil dizer por enquanto, mas uma certeza temos: criou-se uma solução de continuidade e entramos em uma era diferente, mais difícil. Teremos de nos reinventar e muitos terão de começar de novo. Alguns não entenderão isso, dirão que foi só uma gripezinha e insistirão em fazer o que sempre fizeram, outros tentarão mudar e descobrirão o quanto isso é difícil depois de décadas de uma prática que, apesar de ter se mostrado deletéria e ineficaz, diminui, mas não morre.
Nós da AHPACEG continuamos a fazer o que sempre fizemos desde a nossa fundação 16 anos atrás. Lutando incansavelmente para sermos melhores no que fazemos: prestar uma assistência médica de qualidade e sermos reconhecidos por isso, de todas as formas.
Sou o sétimo presidente a ter a responsabilidade e o orgulho de representar o grupo, que se profissionalizou, evoluiu, passou a comprar coletivamente, estipular metas de qualidade e formas de medi-las, excluindo ou não permitindo a entrada daqueles que não compartilham dos nossos princípios, com uma lista maior de instituições querendo entrar do que a que compõe. Abrimos mão de termos todos ou a maioria para não corrermos o risco de termos entre nós um desagregador ou uma instituição com uma cultura e postura que diferem da nossa, colocando em risco a nossa própria existência.
Mesmo optando por não crescer ou inchar, somos hoje 33 empresas de alta complexidade e alto custo no nosso Estado. Hospitais, clínicas de imagem e hemato-oncologia com mais de 7000 empregados diretos e 1600 leitos com ampla dominância (mais de 70% da assistência prestada em Goiás) nas áreas de pediatria, cardiologia, oncologia, neurocirurgia, ortopedia e terapia intensiva.
Somos muitos, mas não somos o todo e se andamos sozinhos é por necessidade, nunca por opção. Participamos no passado do famigerado CIER, um fracasso tanto na teoria quando na prática, com um custo financeiro e moral que repercute até hoje. Cedemos membros da nossa diretoria para participarem do Sindicato dos Hospitais e da Federação dos Hospitais, que se já tinham uma grande importância desde a reforma trabalhista, hoje com a pandemia se mostram imprescindíveis, e é aí que mora o problema que motivou a escrita desse manifesto.
Na presidência do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás, o SINDHOESG, temos uma pessoa que não participa do dia a dia da gestão hospitalar (apesar de ser sócio de um grande hospital), não vive e não entende a nossa luta diária pela sobrevivência. Pouco se manifesta e quando o faz, desperta o desejo de não tê-lo feito. Nos últimos anos, se mostrou insensível a toda e qualquer argumentação para que abdicasse da presidência e permitisse que o sindicato fosse conduzido por alguém que não apenas conheça profundamente a rotina e desafios do segmento, mas possua o respeito e admiração dos seus pares, dos sindicatos laborais e dos compradores de serviço e que possa não somente liderar os sindicalizados, mas também criar e manter alianças.
Nunca tive tanta dificuldade para escrever um texto na minha vida, mas depois de quatro semanas de quarentena resolvi terminá-lo. Obviamente, não é fácil e muito menos prazeroso expor alguém com a história de décadas de lutas e contribuições, como o Dr. José Silvério, e não o faria se não acreditasse que o momento demanda atitudes duras e desagradáveis como essa.
Vim e venho sendo procurado constantemente por pessoas e empresas ligadas ao sindicato pedindo ajuda e a elas digo o que direi agora: tem sido uma batalha ingrata e solitária, que tem testado as nossas forças e união, que a minha prerrogativa e escopo são defender e representar os nossos associados, que queremos ajudar, mas precisamos também de ajuda, portanto, que se envolvam no sindicato e que tentem o que não consegui, que é sensibilizar o Dr. Silvério para a necessidade de renovação que traga o SINDHOESG para o protagonismo que merece e que todos precisamos. O momento exige essa mudança, requer um sindicato forte e representativo e só conseguiremos isso com uma nova liderança à frente do SINDHOESG.
*** Haikal Helou (na foto) é presidente da Associação dos Hospitais Privados de Alta Complexidade do Estado de Goiás (Ahpaceg).