Cai procura por serviço essencial de saúde

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Após 23 dias de suspensão de cirurgias eletivas, exames, consultas e procedimentos ambulatoriais não considerados de emergência, unidades hospitalares apontam redução pela busca de acompanhamentos essenciais para câncer, bem como a procura tardia para quadros graves de acidente vascular cerebral (AVC), enfarte e apendicite, entre outros. A Portaria 511/2020, que foi publicada pela Secretaria de Estado de Saúde (SES) no último dia 23 de março, tem como objetivo concentrar os esforços no combate ao coronavírus, bem como reduzir o uso de equipamentos como respiradores e leitos que podem ser utilizados em casos graves da Covid-19. Apesar disso, é importante não interromper tratamentos e buscar emergência se necessário.

Responsável pela gestão de 22 hospitais privados de alta complexidade em Goiás, a Associação de Hospital de Alta Complexidade (Ahpaceg) aponta redução de 60% nos atendimentos de pronto-socorro. A taxa de ocupação de leitos de enfermaria e apartamentos, geralmente utilizados para os atendimentos eletivos, está com variação entre 15% e 50%. A associação afirma que, apesar dos setores de urgência e emergência dos hospitais continuarem funcionando normalmente, o receio de ir a uma unidade de saúde têm levado pacientes a permanecerem em casa, mesmo em casos que não deveriam.

A situação, segundo a Ahpaceg, está acontecendo com pacientes com sintomas de acidente vascular cerebral (AVC), enfarte e apendicite, por exemplo. Pessoas com câncer também estão se afastando de unidades de saúde durante este período de isolamento social, mesmo com necessidade de acompanhamento periódico. A consequência mais grave é que a busca tardia pode levar a quadros de saúde comprometidos e dificultar tratamento e cura.

No Hospital Araújo Jorge, o número de pacientes atendidos em março de 2020 foi 32,65% menor que o mesmo período de 2019. Neste ano foram 8.424 pacientes incluindo Sistema Único de Saúde (SUS), convênios e particulares contra 12.508 do ano passado. Em abril, a queda (nos 13 primeiros dias) foi de 56,07%. Já os chamados pacientes de primeira vez da rede pública, que são encaminhados pela regulação da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia a comparação de março a 13 de abril mostra uma redução de 25% sendo 2.470 em 2019 contra 1.872 em 2020. Caso semelhante ocorre, no Hemolabor, por exemplo, que atende paciente com câncer e registrou uma queda de 35% no atendimento.

Presidente da Ahpaceg, Haikal Helou afirma que logo no início dos primeiros casos de Covid-19, o medo fez com que as pessoas corressem para os prontos-socorros. Depois, quando começaram a entender a gravidade bem como a transmissão, o comportamento foi o oposto. “Chegamos a ter no pronto socorro, 80% de pacientes que não precisavam estar lá, mas que não conseguiam marcar consultas e arriscavam, por exemplo. Em seguida aconteceu algo que nunca tinha visto. Pararam de ir, inclusive, quando precisam”, pontua.

Haikal explica que foram registradas nas unidades de saúde situações graves que demoraram a procurar o serviço. “No caso de AVC, o ideal é que o atendimento seja feito em até 6 horas, mas tivemos casos que chegaram ao hospital após três ou quatro dias”, relata.

Atenção primária

Superintendente da regulação da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, Andreia Alcântara ressalta que os atendimentos de urgência e emergência não estão suspensos. Ela garante, ainda, que todos que necessitam de atendimentos não suspensos estão sendo atendidos. “Nossa demanda de urgência e emergência, de fato, diminuiu muito, mas é preciso considerar que houve redução de trânsito e isso diminui os casos de traumas, por exemplo. Estamos prestando atendimentos assistenciais por telefone e ir às Unidades Básicas de Saúde (UBSs) sem necessidade, não é neste momento, uma boa alternativa. É uma situação que envolve muitos fatores”, pontua.

Espera por retorno angustia mulher

Maria (nome fictício), de 67 anos, enfrenta um momento difícil. Ela passou pelo primeiro atendimento em Centro de Atenção Integrada à Saúde (Cais) porque apresentava dificuldade para engolir e reclamava de dor na garganta. O pedido foi de uma endoscopia com biópsia e após o primeiro resultado, a médica pediu para repetir o exame. “A suspeita inicial era de câncer e agora ela, com o exame em mãos, ela não consegue o retorno com a médica. Eles falaram que precisa passar este período, mas é urgente”, lamenta a nora.

Teleatendimento como opção

No geral, o teleatendimento foi implantado não só pela rede pública, mas também pela rede privada, conforme matéria publicada no POPULAR no último dia 6 de abril. Entre as unidades estão, por exemplo, o Hospital Estadual Alberto Rassi (HGG) que agora oferece o serviço para pacientes que fazem tratamento no Ambulatório de Medicina Avançada (AMA) e no Centro de Atenção à Diabetes (Cead). A situação se repete ainda no Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo (Crer), que já soma 5 mil atendimentos nas áreas de: fisioterapia, educação física, fonoaudiologia, serviço social e psicologia.

Ipasgo oferece atendimento 24 horas de urgência em odontologia

As consultas eletivas na área de odontologia e os exames complementares radiográficos eletivos estão suspensos temporariamente. Apesar disso, atendimentos de urgência continuam permitidos seguindo as determinações do último decreto estadual. O Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo) oferta o serviço em dois locais: Pronto Socorro em Odontologia, na Avenida Mutirão, e no Pronto Socorro Odontológico, na Avenida T-9.

Tire suas dúvidas:

Ipasgo: 0800 62 1919

Unimed: 0800 642 8008

Secretaria Municipal de Saúde: 0800 646 1560

Para acompanhamento na rede estadual, a orientação é ligar na unidade em que realiza os atendimentos.

Com informações do Jornal O Popular