As cooperativas de plataforma estão chegando

Coluna Cooperativismo

Opinião de quem ajuda a construir um modelo de negócios mais justo e sustentável, que une desenvolvimento econômico e social, produtividade e sustentabilidade, o individual e o coletivo, sempre de forma democrática.
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Nunca se falou tanto em tecnologia nas cooperativas como agora. Também, pudera, a transformação digital está mudando nossas vidas e deve alterar o futuro do cooperativismo. Mas o setor não encara essa mudança de uma forma passiva e muito menos intimidada. As cooperativas já estão se mobilizando para mostrar que há uma nova maneira de construir essa economia digital, mas seguindo o conceito cooperativista: um modelo de negócio a serviço das pessoas.

Uber, Airbnb, Facebook, Amazon, além de serem empresas de altíssimo valor de mercado, têm algo em comum: todas são estruturadas com base em plataformas digitais. E nesta mesma base o cooperativismo começa a desenvolver e aplicar o seu modelo de negócios.

O cooperativismo precisa criar seu próprio jeito de inovar. Para isso, no Sistema OCB/SESCOOP-GO estamos estruturando o coworking de inovação – Inovacoop, visando produzir uma ambiência favorável às novas tecnologias e inovações, estimulando, inclusive a criação de cooperativas de plataforma.

Mas o que são as cooperativas de plataforma? Os princípios cooperativistas já são naturalmente baseados no contexto de economia compartilhada. Mas faltava um conceito para fazer o cooperativismo pegar carona na economia digital e colaborativa, e esse modelo é o cooperativismo de plataforma, uma proposta de empreendimento que combina os princípios e os valores do cooperativismo com o imenso potencial disruptivo das novas tecnologias da informação.

O conceito “cooperativismo de plataforma” foi utilizado pela primeira vez por Trebor Scholz, professor de cultura e mídia e autor de livros sobre o tema. Basicamente, ele defende que a ideia de economia compartilhada que temos hoje vende ao público a noção de que é possível ganhar mais, tendo liberdade de escolher quando e por quanto tempo se quer trabalhar, com a vantagem de não estar subordinado a um chefe direto. Mas, segundo o autor, essa nova forma de trabalho ofertada por alguns aplicativos de serviço pode ser, na verdade, uma armadilha para a precarização dos direitos do trabalho.

Hoje, por exemplo, um motorista de aplicativo de transporte de passageiros divide o resultado de seu trabalho com os donos da plataforma que utiliza. Desse modo, inova, mas acaba por conservar um modelo de trabalho que aproveita a mão de obra do trabalhador em busca do maior lucro possível, sem lhe dar nenhuma garantia ou segurança jurídica. Essa questão alertou pesquisadores dos Estados Unidos e da Europa que começaram a se perguntar: não seria mais justo que os motoristas fossem os verdadeiros donos do negócio? E foi aí que o cooperativismo de plataforma ganhou espaço.

Ao redor do mundo, a ideia pegou. Existem pelo menos 350 cooperativas de plataforma atuando em 26 países. No EUA, por exemplo, as cooperativas de plataforma têm impactado tão positivamente que Nova York foi a primeira cidade do país a criar um fundo exclusivo para o financiamento desse tipo de empreendimento. Por aqui, há muito o que se fazer ainda, mas já demos o primeiro passo. E temos certeza de que esse é só o começo de mais uma história de sucesso do cooperativismo.

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