Nos últimos anos no Brasil, a impressão 3D deixou de ser um instrumento das indústrias e começou a ter aplicações práticas na vida das pessoas. E uma dessas aplicações que já é realidade em Goiás são os bioclones para planejamento de cirurgias de coluna e formas prototipadas para cirurgia de crânio.
“Todo paciente que vamos operar demanda um planejamento e costumamos fazer isso em cima das imagens de tomografia e ressonância que nos proporcionam uma imagem em duas dimensões. No caso da impressão 3D, é possível fazer isso em três dimensões, o que nos auxilia muito mais no pré-operatório. Eu consigo ter uma peça real, uma réplica perfeita do órgão a ser estudado ou operado. No caso de uma coluna, é possível transformar os exames em uma peça física”, afirma o médico e cirurgião ortopedista, Adriano Esperidião.
Segundo o médico, para pacientes com hérnia de disco ou cirurgias corriqueiras que fazemos no dia a dia não existe necessidade do uso da impressão 3D, mas para pacientes com deformidades específicas o bioclone ajuda a melhorar a qualidade da cirurgia.
“Esse uso é indicado para casos que precisamos obter a melhor das correções possíveis e isso é conseguido através de um bom planejamento da cirurgia no caso de pacientes com doenças mais severas ou com tumores de coluna, por exemplo. Com o bioclone em mãos podemos delimitar bem a tumoração antes da cirurgia”, diz Adriano.
Em Goiás, a Adtiva 3D – Laboratório de Anatomia Específica é pioneira neste trabalho e tem contribuído com cirurgiões em sua preparação para procedimentos delicados.
“Nós auxiliamos os médicos em procedimentos cirúrgicos e também produzimos os bioclones, que são impressões em 3D da coluna. Essa peça é uma cópia do membro do corpo, uma impressão idêntica que dá a possibilidade de simular o procedimento antes de realizá-lo no paciente ajudando a evitar lesões, erros e permitindo ao médico analisar relações anatômicas, avaliar riscos, definir os equipamentos e materiais ideais para a intervenção”, afirma a analista de marketing, Lorrana Andrade.
Além disso, simular a cirurgia com antecedência ajuda a diminuir o tempo da cirurgia, o que reduzirá significativamente a incidência de radiação dentro do centro cirúrgico, diminui os riscos e ajuda o médico a se preparar para possíveis imprevistos, o que é benéfico tanto para a equipe médica como para o paciente.
Caso clínico
O paciente Matheus Moreira Angonese sofria de espondilólise lombar, uma doença comum em adolescentes causada pelos desgastes dos discos da coluna vertebral e que gera muita dor. Depois de avaliar o caso, o cirurgião ortopedista Adriano Esperidião decidiu optar por uma técnica incomum, com suporte do planejamento com o bioclone e foi possível colocar os pinos sem limitar o movimento de Matehus.
“Eu teria que fazer artrodese que limitaria meu movimento de 15 a 20%, mas o dr Adriano optou por fazer uma abordagem diferente e ele me passou muita confiança com o planejamento da cirurgia através do bioclone. E a cirurgia deu certo, minha dor diminuiu 90% e em breve vou fazer exercícios de fortalecimento e fisioterapia e acredito que vai melhorar mais”, finaliza.