Por Edwal Portilho ‘Tchequinho’
Justamente no pior momento da história recente do mundo, diante de uma pandemia sem precedentes que levará as economias a uma depressão econômica mundial que só tem data para começar, Goiás dá um forte passo à frente e aprova o ProGoiás, um novo programa de incentivos fiscais que chega em um momento estratégico.
Entre março e maio, com a declaração de pandemia e as medidas de isolamento, as empresas encolheram e o desemprego cresceu. Para um momento pós-pandemia, será preciso muito engajamento e ações para fazer funcionar o ‘motor da economia’.
O ProGoiás pode se consolidar como uma destas ações que devem marcar uma nova fase da industrialização goiana, com regras claras e desburocratizadas, sem eliminar o direito do industrial optar por permanecer nos programas anteriores.
O ProGoiás marca ainda um alinhamento de diálogo, com os dois lados compreendendo que todo esforço deve ser voltado para desenvolver a economia goiana, disseminar uma cultura empreendedora, distribuir renda via arrecadação tributária e empregos, fortalecer a industrialização no Estado e, por fim, permitir gestões privadas e públicas eficientes e transparentes.
Abre condições novas para que o Estado se consolide, juntamente com o Centro-Oeste brasileiro, como uma das principais plataformas de produção de alimentos do mundo. Falando dos negócios internacionais de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, pois o Distrito Federal não tem volume relevante. Somadas as exportações destes três Estados (US$ 30 bilhões por ano), onde prevalece alimentos, supera o agregado de transações internacionais de vários países, e, se fosse um país, estaria entre os cinco maiores da América do Sul, e entre os 60 maiores exportadores do mundo, considerando um ranking de 205 nações exportadoras.
Alimentos estão entre os principais ativos econômicos do mundo e são incomparáveis, não se falsifica organicamente. Ou o país tem produção ou não tem. Nós temos em abundância. Goiás, diga-se, está ranqueado entre os principais produtores em mais de dez culturas diferentes no agronegócio brasileiro.
É importante observar que cabe à cada Estado decidir se envia sua produção in natura, com baixo valor agregado e zero imposto, ou industrializado, com agregação de valor no preço final, no emprego e na arrecadação tributária.
Aproveitar esse nosso poder produtivo é a missão do Estado, é estratégia de governo. Mas vai além, alcança o sentimento positivo, a autoestima da sociedade: todo goiano tem orgulho de seus produtos; das marcas goianas que superaram desafios e concorrentes capitalizados, influentes e tradicionais; do seu emprego valorizado por estar em uma empresa local que se tornou nacional, muitas até multinacional.
Viajar a Estados tradicionalmente industrializados e até outros países e ver na prateleira do supermercado produtos goianos dá um imenso orgulho de Goiás. Para ampliar esse cenário industrial exportador, cenário em que muitas empresas instaladas no Estado já estão e muitas outras podem chegar em poucos anos, é preciso estratégica.
Goiás voltou mais forte para a disputa de novos projetos e expansões industriais. Ter um programa novo é entrar na pauta dos investimentos privados; é poder oferecer o nosso modelo de negócios, além de mandar recado positivo à grande indústria nacional do alinhamento dos setores público e privado em prol do desenvolvimento do Estado.
Vamos superar a Covid-19 em seu tempo. Vamos juntos, até lá, organizar a retomada. Vamos sair fortes desta crise e expandir a indústria goiana, que é um motor de empregos, forte geradora de renda e, de forma direta, influencia na expansão do comércio e serviços.
Sobre distribuição de renda, a indústria goiana gera hoje mais de 400 mil empregos diretos com salário médio mensal de R$ 2.500 – valor médio do IBGE sem somar bonificações, participação em resultados e comissões. Somente no agregado dos salários, a indústria faz circular em Goiás, por ano, R$ 13 bilhões. Para se ter dimensão da importância deste indicador real da indústria, é praticamente 75% de todo ICMS arrecadado no Estado em todo ano de 2019 e mais de 6% do PIB goiano.
Essa indústria, o 2° setor que mais paga impostos em Goiás; o 2° maior em geração de empregos; e, entre diretos e indiretos, o líder isolado em volume de salários, tem absoluta certeza que tudo que se investir na produção industrial retorna em dobro para o Estado. Por óbvio, esta é a explicação primária porque nenhum país do mundo abre mão de uma indústria forte e estratégica.
Edwal Portilho ‘Tchequinho’, presidente-executivo da ADIAL