A matriz elétrica do futuro: solar e eólica como destaques

Carlos Bouhid

Engenheiro civil, mestre em construção civil e sócio da Dusol Engenharia Sustentável
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O mundo está mudando. Hábitos anteriormente aceito, hoje não são mais. As preocupações com questões ambientais e sociais permeiam toda a atividade econômica, em todos os setores. Com a geração de energia não é diferente.

Como já falamos anteriormente aqui na coluna, o Brasil se orgulha de ter uma matriz elétrica limpa e renovável, com grande participação de usinas hidrelétricas (cerca de 60% da matriz). No entanto, vimos recentemente, no caso da usina de Belo Monte, que mesmo sendo uma fonte renovável, diversos impactos ambientais e sociais surgem da implantação desse tipo de projeto, e temos muito pouco espaço para novas iniciativas desse porte.

Sendo assim, três fontes de energia irão comandar a expansão da nossa matriz elétrica nos próximos anos – por próximos anos, entenda-se de 20 a 30 anos – e são elas: eólica, solar e gás natural. As eólicas e solar saltam aos olhos, já vêm sendo destaque nos últimos leilões da Aneel e apresentaram um crescimento exponencial no mundo todo. Já o gás natural surge com uma complementação para essas duas fontes, que são intermitentes, garantindo a segurança energética necessária.

Vários são os fatores para acreditar o crescimento da participação das fontes eólicas e solar, e eles não se limitam à aspectos ambientais. Não que a questão ambiental não seja importante, mas já é ponto pacífico a necessidade de reduzir a emissão de gases causadores de efeito estufa na geração de energia elétrica. A questão econômica também é importante, e é aí que essas fontes se destacam. Se há poucos anos turbinas eólicas e placas solares tinham um custo elevado, o que inviabilizava os projetos, hoje a realidade mudou vertiginosamente. Prova disso é o resultado do Leilão A-6 2019 da Aneel, onde o preço médio final do MWh para solar e eólica foram R$ 84,39 e R$ 98,89, respectivamente, mais barato que os R$ 157,08/MWh praticado para usinas hidrelétricas.

Outro ponto importante é o crescimento da Geração Distribuída, a GD. Desde de 2012 regulamentada, a GD permitiu que consumidores investissem para gerar sua própria energia, através de fontes renováveis, em suas casas e empresas. Hoje, mais de 281 mil unidades consumidores usufruem da modalidade, que tem mais de 2,6 GW de potência instalada. Sendo que a energia solar é responsável por mais de 90% desses números.

Dado esse cenário, estudos da Bloomberg NEF apontam que em 2050, 38% da matriz energética brasileira deverá ser de fonte solar, principalmente em Geração Distribuída. Até 2027, a fonte eólica, por sua vez, deverá atingir 17% de participação na matriz. Não há outro caminho a seguir. O caminho de limpeza e descarbonização da matriz elétrica é sem volta. A boa nova é que esse caminho, ao que tudo indica, será rápido.

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