Nas duas últimas semanas, o presidente Jair Bolsonaro deixou o país perplexo após a demissão dos Ministros Luiz Henrique Mandetta e Sérgio Moro. A sensação de medo e de uma ação não pensada de um presidente sanguíneo foi geral. O agravo veio com as fortes denúncias do ex-Ministro da Justiça em seu discurso de saída, gerando um forte aumento do grau de incertezas, forte alta do dólar e uma queda no índice Bovespa na casa dos 5%.
Mas será que foram mesmo atos para mostrar que Bolsonaro manda e os outros obedecem? Vamos refletir um pouco sobre isso.
Nas semanas anteriores, o presidente Jair Bolsonaro iniciou uma aproximação com os deputados do chamado Centrão. Esse grupo possui cerca de 200 dos 513 deputados da câmara que são abertamente adeptos à política antiga do “toma lá dá cá”. Já era explicito a insatisfação desse grupo com o Ministro Sérgio Moro por motivos diversos, e a necessidade de cargo pode ter sido o motivo da demissão de Luiz Henrique Mandetta.
A aproximação do Centrão fortalece o Planalto para aprovação das necessárias medidas estruturais e afasta o fantasma de um possível processo de Impeachment. O reforço de Guedes, na entrevista de segunda-feira (27) a qual ele diz que “vamos surpreender todo mundo”, reforça que pode haver uma estratégia por traz que vem sendo bem sucedida.
O reforço dado pelo presidente de que a economia do Brasil é e será controlada pelo Ministro Paulo Guedes tranquilizou o mercado que vinha especulando sobre a saída do Super-Ministro e reduz os impactos negativos e o grau de incerteza do mercado fazendo a bolsa subir e recuperar parte das perdas da semana anterior.
O efeito negativo dessas demissões foi uma queda na popularidade após a saída do Ministro da Justiça. De acordo com a pesquisa XP/Ipespe divulgada no último sábado (25), 43% da população acredita que o governo após a saída de Moro será regular ou ótima. Esse número é relativamente próximo dos 55% da mesma pesquisa realizada no início do mês e é bom lembrarmos também que esse número deve subir devido a distribuição do Corona Voucher (nome dado à bolsa de auxílio ao Coronavírus).
Concluo esse artigo com o atrevimento de dizer que a saída de Moro foi positiva para o Planalto e para a aprovação de medidas estruturais, mas sob um custo muito alto para a nossa sociedade brasileira. Aguardamos assim as cenas dos próximos capítulos.