Anos atrás eu estava percorrendo uma jornada para encontrar elementos que pudessem me ajudar a reestruturar minha empresa, na época à beira da falência, a se solidificar a ponto de transcender algumas gerações, em sua longevidade, seguindo as tradições japonesas.
Passei por aquela situação em que quando estamos procurando por algo não encontramos, mas ao parar um pouco para espairecer, encontramos o inesperado. Estava conversando com um amigo meu da Escócia, Victor Spencer, criador do World Peace Tartan, e ele indicou um livro chamado Ikigai.
Na época eu estava também passando por problemas com minha saúde e ele recomendou as técnicas do livro utilizadas pelos moradores de Okinawa, uma ilha ao Sul do Japão, que possui o maior número de pessoas centenárias, lúcidas e em atividades. Fiquei fascinado por aquilo.
Os okinawanos possuem diversos hábitos que favorecem a longevidade. Eles mantem uma alimentação saudável, praticam exercícios físicos, formam pequenos grupos sociais de apoio mútuo e, principalmente, possuem um propósito de vida bem definido. Acordam sabendo pelo que estão vivendo e isso gera a força motriz para a suas vidas, refletindo em todas as atividades, ajudando a superar adversidades e crises.
A pergunta que me fiz enquanto colhia os excelentes resultados do Ikigai para minha vida foi:
E se eu adaptasse essa filosofia para a minha empresa?
Um a um, fui pegando cada elemento da filosofia e fui adaptando para o cenário organizacional. Primeiro equiparei a minha empresa, uma corporação, a uma pessoa e cada empreendimento a um órgão dessa pessoa. Em seguida passei a me perguntar sobre o propósito da empresa, o Business Ikigai. Percebi que a crise que minha empresa atravessava naquele momento nada mais era que o reflexo da minha crise pessoal de valores, por sua vez somatizada em forma de enfermidade. Eu já não acreditava mais na forma de trabalho e nos resultados axiológicos do produto central da corporação.
Este processo me conduziu a um olhar mais profundo sobre o propósito da empresa, indo além das camadas superficiais, porém não menos importantes, como o produto (o que fazíamos) e a forma como era feito, para então chegar ao cerne: por que fazemos isso? O que geramos em termos de valor para a sociedade? Até que ponto o propósito da empresa estava ligado ao meu ikigai? Eu tinha valores bons e fortes e a empresa tinha um excelente produto, mas faltava congruência de valores entre mim e a empresa.
Pode soar muito filosófico e muito zen, mas a realidade é que isto não apenas me ajudou a reestruturar a minha empresa e salvá-la da falência, mas nos conduziu ao competitivo mercado internacional e a consolidar um ecossistema empresarial, um organismo business vivo. Além do Business Ikigai, escolhi mais dois elementos desta filosofia para compartilhar nesta trilogia de artigos.
E quanto ao seu Business, você sabe com precisão definir o seu ikigai?
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