Dia e noite, o noticiário econômico toca no assunto do acordo entre as potências econômicas China e Estados Unidos. Aliás, a falta de acordo. Isso já tem quase um ano. O que temos a ver com essa briga? Vamos lá. Para o Brasil, melhor assim, sem acordo. É que um acerto comercial que force os chineses a comprarem produtos agrícolas norte-americanos – e também é um dos motivos dessa queda-de-braços – pode ser um míssil perdido no agronegócio brasileiro.
E pode acontecer? Claro que sim, basta o interesse dos dois lados quererem. Essa guerra comercial prevê um compromisso de compra de US$ 30 bilhões a US$ 50 bilhões dos produtores norte-americanos. A China não quer aceitar e vai até a corda arrebentar, pois assinar esse contrato é uma trava gigantesca do poder de compra chinês, que tem liquidez e condições comprar onde quiser. Os EUA querem colocar uma camisa de força nos chineses.
Donald Trump, presidente dos EUA, sofre grande pressão interna dos agricultores – conta com eles para a reeleição.
Ou acordo com a China ou mais subsídios? Ele vai colocar a China na parede, transferir essa conta. Nessa, o Brasil pode ficar só com o troco, já que a China hoje é o mercado forte do agronegócio brasileiro e compra um terço de tudo que os brasileiros vendem no comércio internacional.
Nos EUA, o acordo com a China é um caminho dos norte-americanos para fortalecer sua posição no mercado internacional do agronegócio. O olhar deles é no Brasil, com quem divide a posição de maiores fornecedores mundiais de commodities agrícolas. O acordo Mercosul-União Europeia isolou o País e gerou incômodo. A China, neste mapa dos compradores mundiais, seria a melhor resposta para os concorrentes – um troféu. Os chineses compram, anualmente, US$ 100 bilhões do Brasil. Imagina essa “cota” americana sendo exercida, o risco para o Brasil perder mercado é gigantesca e os chineses, pagarem mais caro.