As cooperativas de táxi em Goiás foram fortemente atingidas com as medidas de restrição das atividades econômica dos governos estadual e municipais para o combate à pandemia da Covid-19. No segmento mais prejudicado, o movimento de clientes sofreu redução de até 95%. É o caso dos taxistas que atuam no aeroporto de Goiânia, que, em tempos normais, recebia de 70 a 80 voos diários. Mas, desde março, esse tráfego caiu para dois voos por dia. Dos 126 taxistas que têm autorização para atuar no aeroporto da capital, no máximo 15 estão em atividade, segundo a Cooperativa dos Motoristas de Táxi do Aeroporto de Goiânia, a Coopertag. Alguns decidiram trabalhar em outros pontos da cidade e a maioria está parada, portanto, sem fonte de renda.
Os táxis que atuam nos demais pontos da Grande Goiânia também registram forte queda de movimento de clientes e, portanto, de renda. Nos meses de março e abril, segundo a cooperativa Rádio Táxi Araguaia, a redução chegou a 80%. Em maio, apesar da pequena melhora, o fluxo de atividades continuou 70% menor, se comparado com os meses anteriores aos da aplicação de medidas de isolamento social. “Os taxistas permissionários caminham para situação de irregularidade com as dificuldades de arcarem com pagamento de impostos, previdência e prestações de financiamento do veículo”, afirma Alexandre Moraes, presidente da Rádio Táxi Araguaia.
Só nesta cooperativa, existiam entre 180 e 200 taxistas atuando até 2016, número que caiu para pouco mais de 100 até 2019, por conta da concorrência com os aplicativos de transporte. Com o início da pandemia da Covid-19, não mais que 60 taxistas da cooperativa continuam em atividade atualmente. Estes dados refletem a realidade de apenas duas cooperativas, mas o universo de taxistas em dificuldades na Região Metropolitana e em todo o Estado é muito superior.
Diante desse cenário, que pode ainda se prolongar por semanas ou meses, a OCB-GO tem realizado reuniões remotas com as lideranças das cooperativas de táxi para avaliar quais medidas poderão atender as principais demandas do setor, além da doação de cestas básicas para garantir a alimentação mínima desses trabalhadores e suas famílias nesse momento. Uma das reivindicações é a garantia de acesso a linhas de crédito da Goiás Fomento, com taxas menores e prazos mais favoráveis, assim como foi feito à categoria de vans escolares. O dinheiro seria usado para o pagamento de despesas emergenciais e também das prestações do financiamento de veículos.
A OCB-GO também ajudará na interlocução das cooperativas de táxi com a Prefeitura de Goiânia, em relação ao projeto de lei do vereador Paulo Magalhães, aprovado em segunda e definitiva votação pela Câmara Municipal, que pretende implantar na capital o serviço de táxi-lotação. Para isso, a entidade já acionou a Frente Parlamentar do Cooperativismo na Câmara de Goiânia, presidida pelo vereador Denício Trindade. “Por causa da pandemia, estamos tendo demandas de várias categorias de trabalhadores e empresários. Mas, acreditamos que é possível atender os taxistas da capital, que têm sido uma das categorias mais penalizadas pelas medidas de restrição da Prefeitura e do Estado”, afirma o parlamentar.
O setor avalia que o serviço de táxi-lotação poderá, nesse momento de pandemia, colaborar para complementar a renda dos taxistas e, posteriormente, ser um instrumento para equilibrar a concorrência com os aplicativos de transporte, que ainda não foram regulamentados pela prefeitura. Caso a lei seja sancionada pelo prefeito Iris Rezende, o serviço ainda terá de ser regulamentado pelos órgãos competentes, como a CMTC e SMT, para começar a vigorar.
Há também estudos para a implantação de aplicativos exclusivos para os taxistas, inicialmente os da Grande Goiânia, mas com potencial de atender toda a categoria no Estado. Esta tecnologia, cujo desenvolvimento terá a colaboração da OCB-GO, se assemelha aos aplicativos de transporte e poderá permitir que os taxistas ofereçam serviços e preços diferenciados, como entrega de mercadorias/documentos e táxi executivo, por exemplo.