Em Goiás, despesas sem programação de receita, folha salarial e acesso ao crédito são as principais preocupações para empresas dos setores do comércio, indústria e serviços diante da crise provocada pelos efeitos da pandemia da Covid-19. É o que indica a pesquisa “1ª Sondagem Empresarial Covid-19“, divulgada pela Associação Comercial, Industrial e de Serviços do Estado de Goiás (Acieg) em coletiva virtual na manhã de hoje (27).
A sondagem dividiu o trabalho entre os segmentos de comércio, indústria e serviços para os temas “Gargalos”, “Resiliência”, “Receita”, “Demissões” (no cenário atual e futuramente), “Expectativas para 2020” antes e depois da crise e expectativa para duração do isolamento.
O estudo ouviu mais de 90 empresários, que têm negócios na capital e no interior, e seguiu critérios técnicos para obter um relatório sobre os reflexos do confinamento para os negócios que possa direcionar as negociações com o setor público e privado sobre o tema.
Resultados
Gargalos – De maneira geral, os tópicos que mais trazem inquietação são despesas programadas sem entrada de receita (38,9%), folha salarial (22,1%), acesso ao crédito (15,7%) e distratos (15,7%).
Resiliência – Este item avalia por quanto tempo as empresas conseguem suportar o impacto de estarem fechadas ou parcialmente fechadas. Apenas 34,8% do setor de serviços, 11,1% do comércio e 18,2% da indústria afirmaram ter condições de se manterem caso o isolamento dure o período entre quatro a doze semanas.
Receita – Ao avaliar o quanto a pandemia atingiu a receita média diária, 31% das entrevistadas, considerando os três setores, avaliam que foram comprometidas em mais de 90% de seus ganhos. O comércio e os serviços são os mais atingidos.
Demissões – No cenário atual, a maioria (77%) das empresas de todos os setores ainda não demitiu nenhum colaborador. Entretanto, caso os efeitos da Covid-19 da economia se agravem, a maior parte dos empresários (31%) acredita que a chance de demissões aumenta em 50%.
Expectativas – Antes do início da crise, a expectativa para crescimento acima de 10% em 2020 correspondia à realidade para 56% de todas as entrevistadas. Agora, 35% acreditam encolherão em 10%, 21% que empatarão com os resultados de 2019 e 17% esperam encolher entre 5 e 10%.
Avaliação da Acieg
Segundo o presidente da Acieg, Rubens Fileti, comércio e serviços foram os primeiros a sentir os efeitos imediatos da crise e os que mais expuseram a necessidade de ajuda. Após criar um Comitê de Gestão de Crise, a entidade tem trabalhado para elaborar planos de retomada econômica que envolvem principalmente acesso facilitado ao crédito para empresários, com garantias de taxas de juros mais baixas, e a prorrogação de impostos federais, estaduais e municipais.
Além disso, a Acieg tem promovido ações sociais para auxiliar as camadas mais vulneráveis da população e irá lançar, na próxima semana, uma campanha para oferecer atenção psicológica aos empresários nesse momento de crise.
Para Fileti, é essencial que sejam seguidas as determinações dos decretos estaduais (leia aqui e aqui) para que se mantenha a ordem e o problema de saúde pública seja superado juntamente aos eventuais econômicos. “Não vamos dar apoio às movimentações para descumprimentos às regras de isolamento social, é preciso agir com responsabilidade para evitar o “efeito manada” e não gerar um problema maior do que o que já existe”, explica.
Ainda de acordo com o presidente, a reabertura tanto do comércio, quanto da indústria e dos serviços deve ser liberada gradualmente e está sendo discutida com as autoridades locais. Caso as atividades sejam normalizadas e surja um pico de contaminações da Covid-19, Fileti não descarta a volta do isolamento social.
“Acredito que a tendência do home office se manterá por mais algum tempo para quem puder optar por ela, mas conforme a situação do novo coronavírus evoluir, o poder público e as entidades empresariais discutirão a melhor forma de agir”, completa.
Confira aqui a “1ª Sondagem Empresarial Covid-19” na íntegra.