Governadores articulam instalação de empresas goianas em seus Estados, alertam lideranças políticas

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A discussão sobre a importância da manutenção dos incentivos fiscais para a economia goiana chegou à Aparecida de Goiânia, onde o prefeito da segunda maior cidade do estado em população – mais de 560 mil habitantes -, Gustavo Mendanha (MDB), reafirmou a preocupação com os milhares de trabalhadores do município e com a saída de empresas que irão buscar ambientes mais favoráveis para seus negócios.

O senador Vanderlan Cardoso (PP), que também participou do sexto seminário promovido pelo Movimento em Defesa do Desenvolvimento e Empregos na sede da Associação Comercial e Industrial de Aparecida (Aciag), revelou que já esteve com o governador Ronaldo Caiado (DEM) e o alertou que outros governadores esperam cortes nos incentivos fiscais por parte do governo estadual para prospectar indústrias goianas.

“A forma como este debate está sendo conduzido (pelo Poder Executivo) tem gerado um clima de instabilidade muito ruim. Cada caso tinha que ser estudado. Senador Canedo (Vanderlan foi prefeito no município entre 2004 e 2010), assim como Aparecida, foram por muitos anos consideradas cidades-dormitórios. Se avançaram em industrialização e geração de empregos, isso se deve aos incentivos fiscais”, ressaltou o parlamentar. “É preciso dialogar”, reforçou.

Já o ex-prefeito de Aparecida, Maguito Vilela (MDB), que foi um dos palestrantes do seminário, lembrou estratégias empregadas quando governador (1995-1998) na concessão dos incentivos a determinados segmentos da indústria goiana. “Atrelei-os ao aumento da arrecadação. Os empresários entenderam o acordo e a sonegação de impostos diminuiu consideravelmente”, contou. Durante a gestão de Maguito havia o programa Fomentar, posteriormente transformado em Produzir na administração do PSDB.

Maguito também foi enfático ao lembrar que se o Governo de Goiás revogar os incentivos fiscais, estados como São Paulo, Minas Gerais e o Distrito Federal continuarão a concedê-los. Logo, não haveria razão plausível para as indústrias fazerem novos investimentos em solo goiano. “Peço a todos, principalmente aos líderes políticos, que usem de muito bom senso. Se há distorções (na concessão de incentivos), que se corrija. Se um boi tem carrapatos, precisamos matar o boi?”, questionou.

Ao mencionar o período em que foi prefeito de Aparecida, Maguito afirmou que se não tivesse tido a visão de industrializar a cidade, os polos onde hoje estão as indústrias teriam somente “braquiária, cupim e calango”. Hoje Aparecida lidera a geração de empregos em Goiás e há filas de empresas querendo espaço para se instalar na cidade. “A classe política precisa andar de mãos dadas com os empresários. Sozinhos, nem um e nem outro resolvem os problemas da população”.

Efeito cascata

O prefeito Gustavo Mendanha afirmou que a eventual revogação dos incentivos fiscais por parte do governo do estado provocará “efeito cascata” que não atingirá somente empresas e os empregos dos trabalhadores, mas também pequenos e médios empresários e comerciantes que prestam serviços às indústrias aparecidenses.

“Não podemos prejudicar todo o setor produtivo por conta de duas ou três empresas que podem ter recebido incentivos de forma distorcida. A população não pode perder seus empregos. Se hoje a cidade é o que é, é por conta dos incentivos”, ressaltou o prefeito em seu discurso. A favor da industrialização de Aparecida – que de fato vem ocorrendo em ritmo maior do que em outros municípios – contam a logística, infraestrutura e benefícios concedidos pelo poder público municipal.

Ao fim, Mendanha falou da recente assinatura de termo de cessão de área para que a empresa Guaraná Mineiro se instale por lá. As obras de construção da fábrica começam em 2020, com investimento inicial de R$ 50 milhões. “Serão gerados 1,5 mil empregos diretos. Ainda que a empresa não pagasse um único real de imposto, só o fato de ter tantos postos de trabalho pra nossa gente já valeria a pena trazê-la para cá”, afirmou.

União de esforços

O Movimento em Defesa do Desenvolvimento e dos Empregos reúne, de forma inédita em Goiás, entidades empresariais, meio acadêmico e sindicatos e federações que representam trabalhadores nas indústrias goianas. O reitor da UFG, Edward Madureira, que tem participado de todos os seminários, afirmou que a parceria entre a instituição e o setor produtivo remete a três décadas.

“Temos, por exemplo, uma rede de pesquisas relacionadas à cana de açúcar que contribui enormemente com o setor sucroalcooleiro no estado”, ilustrou. Lembrou ainda que com cerca de 30 mil universitários em seus câmpus em 155 cursos de graduação, a UFG ainda tem muito a contribuir, principalmente em inovação e tecnologia. “O que move o mundo é a união entre empresários, academia, governo e sociedade”, ressaltou.

O seminário organizado pelo Movimento em Aparecida contou também com empresários de Hidrolândia e de Anápolis, além de secretários do prefeito Gustavo Mendanha e de vereadores. O Fórum Empresarial estava representado por lideranças de diversas entidades e os trabalhadores participaram com cerca de dez entidades.

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