Apesar da crescente parte da população brasileira que prefere realizar atualmente suas compras pela internet, o setor de vendas no comércio físico voltou a fomentar a economia no país. De acordo com a Fecomércio, o crescimento em Goiás na primeira metade deste ano, foi em torno de 4% em relação ao mesmo período de 2018. Mas o futuro do varejo não é digital? A julgar pelos números, não é bem assim.
Um estudo da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm) e outro da Ebit/Nielsen, que aborda as operações das lojas, concluíram que empresas tradicionais do varejo, como Magazine Luiza, Casas Bahia e Walmart, vendem mais na internet do que as que nasceram como e-commerces, como Submarino, Netshoes e Privalia. “Esse resultado comprova que o varejo tradicional, com lojas físicas, é complementar às estratégias de vendas digitais e não concorrente”, afirma o economista Marco Castro de Sá, especialista em varejo.
Pelas contas do estudo, as lojas tradicionais que entraram no e-commerce posteriormente detêm 51% das vendas totais, com faturamento de R$ 27 bilhões em 2018, 12% acima do ano anterior. “A força das marcas das varejistas tradicionais é um ponto a favor delas em relação às que são apenas digitais”, diz Castro.
A região do central de Goiânia concentra grande parte dos estabelecimentos físicos de rua da Capital. Pensando nisso, a Associação Comercial e Industrial do Centro de Goiânia e Adjacências (Acic) chama atenção para a necessidade de medidas que promovam o comércio físico, atraiam mais moradores e mantenham a área limpa e segura, já que próximo ao centro, estão as principiais zonas de comércio populares da cidade, como a região da 44, Campinas e Bernardo Sayão.
“Nossa proposta é tornar o Centro um ponto turístico, dentro do conceito de shopping a céu aberto”, explica o presidente da Acic, o advogado Uilson Manzan. O presidente esclarece ainda que a entidade congrega empresários, moradores e profissionais liberais que têm laços afetivos e de negócios com o Centro. “Pode participar qualquer pessoa que se identifique com a causa”, salienta.
Uilson aponta a linha empresarial da associação, como importante agente incentivador de novos empreendimentos e conscientização dos proprietários de imóveis para que adéquem o valor do aluguel “à realidade do mercado”. O advogado comenta que várias portas permanecem fechadas porque os preços estão muito elevados.
Para a proprietária de uma loja de roupas femininas na Avenida Bernardo Sayão, Marcela Muniz, a venda em um ambiente físico, ajuda a complementar a renda das vendas virtuais. “Muitas vezes passa uma cliente indo para casa, que não tinha a menor intenção de comprar nada no trajeto, mas vê uma blusinha que gosta e acaba comprando. Isso é bom porque é um dinheiro a mais que entra e de forma inesperada”, declara.
Segundo Muniz, “no atual momento de mercado, tudo é desafiador, seja manter uma loja virtual, atualizando os produtos disponíveis e os valores, ou seja manter o ambiente físico, com gastos de aluguel, energia e funcionários”, afirma. Por esse motivo, a lojista resolveu investir nos dois e aproveitar suas funcionárias da loja física para mesclar as vendas reais com as virtuais para clientes de outras cidades.
Em dados divulgados pela Prefeitura Municipal de Goiânia, o comércio varejista em um espaço físico voltado para rua, tende a ter um crescimento nos próximos anos dois anos em Goiânia em decorrência das revitalizações que serão realizadas nessas áreas. Segundo o documento, na região da Bernardo Sayão, além da recuperação do comércio local, está previsto também, uma valorização imobiliária dos pontos comerciais.
Investir nesse tipo de negócio, pode parecer “nadar contra a maré”, mas pode ser altamente rentável ainda nos dias atuais, em que a tendência é a dominação do mercado de vendas pela tecnologia.
Via Jornal O Hoje