O número de contratações de pessoas com deficiência (PCD) bateu recorde no país em 2018. Ao todo, mais 46,9 mil profissionais ingressaram no mercado formal. Os números são os maiores desde 2003, quando esses dados começaram a ser computados. Empresas com mais de 100 funcionários, pelo menos 5% dos contatados devem ser pessoas com deficiência, como o caso da rede de supermercados Bretas, que conta com 307 pessoas com deficiência, sendo que 87 deles foram admitidos em 2018.
“Todos são bem-vindos, independentemente da deficiência que possuem. O RH é especializado em selecionar a vaga correta de acordo com a habilidade de cada um, basta que o candidato tenha os requisitos necessários para o cargo”, destaca o gerente de Recursos Humanos do Bretas, Wanderson Ferreira.
A Cencosud Brasil, quarta maior supermercadista do país da qual faz parte o Bretas, possui uma política de inclusão que valoriza a diversidade. O grupo entende que seu quadro geral de colaboradores deve ser um reflexo da sociedade e seus diversos perfis. Como um dos setores privados que mais emprega no país, o varejo tem um compromisso social de promover a diversidade e a inclusão, oferecendo capacitação e oportunidades de desenvolvimento.
Só em 2019, o Bretas já contratou 20 pessoas com deficiência, número que deve ser crescente ao logo do ano. Wanderson Ferreira destaca que esse empenho faz parte do DNA da rede. “Contamos com uma equipe diversificada, que respeita uns aos outros, e isso reflete no atendimento ao público. Preferimos não especificar um determinado tipo de vaga para PCD, já que os candidatos são selecionados para os postos de acordo com suas competências”.
Exemplos de profissionais
Carlos Henrique Pimenta, portador de deficiência mental, tem 30 anos e faz parte do time Bretas em Catalão há quase uma década. Ele se divide em diversas tarefas, como empacotador ou organizador de carrinhos. O que ninguém duvida é da simpatia do rapaz. “Minha mãe me trouxe para trabalhar e aqui eu fiz vários amigos. Gosto muito de trabalhar! Todo mundo já me conhece aqui”, comenta animado.
Márcio Godoy, de 47 anos, é conhecido por todos como Marcinho. Portador de deficiência intelectual faz o mesmo trabalho que o colega de Catalão, é embalador de compras e ajuda a recolher os carrinhos. A alegria de Marcinho é contagiante, o que o faz ser conhecido pela clientela da loja na qual atua. Ele começou a trabalhar no Bretas em 2010 e conta que foi fácil conquistar a vaga. “Só procurei o supermercado e consegui o emprego”, fala rindo. Ele conta que adora a padaria, e que pensa, em um futuro atuar nesta área.
Wilian Ferreira é um exemplo disso. Todos os dias, acordava bem cedo para ir trabalhar, mas, em um dia comum, o repositor de supermercado acordou e percebeu que não conseguia enxergar quase nada. Durante a noite, houve descolamento da retina, o que comprometeu sua visão. “Isso aconteceu há mais ou menos dois anos e, desde então, não tem sido fácil arrumar trabalho. Ainda mais pela minha idade, já que completei 55 anos”, lamenta. Wilian encontrou no Bretas uma oportunidade para continuar no mercado de trabalho. A deficiência não atrapalha seu desempenho. Ele é responsável por organizar gôndolas e ilhas de produtos. “Venho trabalhar de ônibus porque não posso mais dirigir. Aqui, faço tudo que o encarregado da área me pede. Estou forte ainda, consigo trabalhar”, brinca.
Na foto: Carlos Henrique Pimenta Catalão (Divulgação)