Coluna do Freitas: Super quarta, bom para o mundo e ruim para o Brasil

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Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O mercado financeiro da Faria Lima pressionou e o Banco Central do Brasil cedeu, o COPOM aumentou a taxa de juros de referência do Brasil de 10,50% para 10,75% ao ano e deixou claro que novos aumentos ocorrerão. Enquanto isso, na super quarta o FED, Banco Central dos Estados Unidos reduziu os juros, a Europa já havia reduzido também. Em termos de taxas de juros o Brasil vai na contramão do mundo graças ao nosso incompetente Banco Central.

Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI) em nota divulgada no dia 17 de setembro, o Banco Central divulgou recentemente a inflação para o final de 18 meses, horizonte que se baseia para definir o nível da taxa Selic, em 3,2% considerando a taxa de juros de 10,50% ao ano, ou seja, apenas 0,2% acima do centro da meta da inflação. Portanto, por que então esse aumento da taxa se a projeção da inflação no período base está no centro da meta?

Daí advém outras justificativas do mercado e analistas: o crescimento acelerado da economia brasileira e a queda acentuada do desemprego podem impactar a demanda e com isso, ficando estável a oferta, poderá ocorrer inflação. Antes de se considerar tais justificativas, duas perguntas devemos fazer: 1) qual o nível de crescimento da economia que não gera inflação? 2) O crescimento atual da taxa de investimento não acarretará o aumento da oferta e com isso acompanhará o crescimento da demanda?

Portanto, fica claro, que mais uma vez o Banco Central toma uma decisão para beneficiar os detentores de títulos da dívida pública em prejuízo ao setor produtivo, responsável pelo crescimento da economia.

Em diversas ocasiões esta coluna cobrou mais ação do setor produtivo contra a política monetária do Banco Central, agora constata-se que diversos segmentos se posicionaram contra essa política recessiva do Banco Central, CNI, conforme falado acima, o Sebrae e as micro e pequenas indústrias, sem falar do setor do varejo que tem questionado muito a política de juros.

A 14º.  Pesquisa Indicador Nacional de Atividade da Micro e Pequena Indústria, realizada pelo SIMPI/Datafolha mostrou que a procura por empréstimos e financiamentos pelas micros e pequenas indústrias (MPI’s) caiu significativamente. E apesar da queda da procura, em função das altas taxas de juros, das empresas que solicitaram apenas 39% tiveram êxito. Se considerarmos que esse setor representa 80% da geração de emprego dos últimos dois anos, temos o tamanho do prejuízo ao setor produtivo do Brasil dessa política insensata de juros altos.

O economista Luiz Gonzaga Belluzo é o economista mais atuante nas críticas à política monetária do Banco Central, segundo ele, o mercado financeiro nunca acerta suas previsões, mesmo assim, as projeções do Relatório Focus tem uma enorme importância para as decisões do Banco Central. Ele resume essa situação brasileira como sendo o poder econômico do capitalismo brasileiro é do mercado financeiro.

As projeções realizadas no relatório Focus divulgado no dia 13 de setembro trouxeram variações em relação à semana anterior. Para o PIB de 2024, aumentou de 2,68% para 2,96%, para 2025, 2026 e 2027 mantiveram-se em 1,90%, 2,00% e 2,00%, respectivamente. Já para a inflação, a previsão de 2024 aumentou de 4,30% para 4,35%; 2025 aumentou de 3,92% para 3,95%, 2026 aumentou de 3,60% para 3,61% e 2027 manteve-se a projeção de 3,50%. 

As projeções da Taxa Selic, 2024 manteve em 11,25%, 2025 aumentou de 10,25% para 10,50% 2026, manteve-se em 9,50% e 2027 manteve-se em 9,00%. Com as previsões da Selic e com o aumento da previsão da inflação para os próximos 12 meses de 3,93% para 4,05%, a taxa de juros reais da economia, calculada pela coluna aumentou para 6,47% ao ano. A taxa prevista para o final do ano, com Selic em torno de 11,25%, equivalerá taxa de juros reais de 6,94%, ainda acima da taxa de juros reais neutra divulgada pelo Banco Central que é de 4,75%.

Quando se analisa a curva de juros do Brasil para os próximos anos o mercado reduziu as suas projeções: janeiro de 2025 em 10,945%; janeiro de 2026 em 11,775%; janeiro de 2027 em 11,80%; janeiro de 2028 em 11,86%; janeiro de 2029 em 11,93% e janeiro de 2034 em 12,13% (Cotações – Juros Futuros – Ferramentas | InfoMoney), os juros reais inclusos nessas taxas são de 7,35% ao ano.  Já as taxas dos títulos dos Estados Unidos negociadas para 2 anos são de 3,63% e para 10 anos são de 3,669% ao ano, apresentando reduçao em relação à semana anterior.

Ainda pelo relatório Focus as previsões do resultado primários foram, 2024 de -0,60% do PIB, 2025 de -0,75%, 2026 de -0,69% e 2027 de -0,45%.

Abaixo, a tabela das projeções dos indicadores econômicos para 2024 com a atualização do Relatório Focus e a manutenção das previsões da coluna.

Abaixo, quadro de projeção do IPCA até o final de 2024 para eventuais cálculos de projeções.

Marcos Freitas Pereira 

Natural de São Paulo, acumula mais de 40 anos de experiência no mercado. Doutorando em Turismo, Mestre em Finanças e economista. Fundador e atual sócio da AM Investimentos e Participações que investe em clínicas médicas, turismo, gastronomia e lazer e entretenimento. Foi também fundador da WAM Brasil maior comercializadora de multipropriedade turismo imobiliário do mundo.

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