A necessidade de preservação dos recursos hídricos no mundo deixou de ser essencial para se tornar urgente. Pelo menos é o que sugere um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) divulgado em 2023. O documento alerta para o risco de uma crise global de escassez de água e revela que 2 bilhões de pessoas no planeta já não têm acesso a serviços de água potável geridos com segurança, o que representa 26% da população mundial. Ainda segundo o relatório, o uso da água tem aumentado 1% ao ano, nos últimas quatro décadas, e a estimativa é de que esse crescimento continue até 2050.
Diante desse cenário, a construção civil, um dos segmentos econômicos que mais necessitam da água em seus processos produtivos, tem lançado mão de modernas metodologias e tecnologias que, além de eficiência e segurança das edificações, primam pela máxima sustentabilidade. Jessika Bruna Batista, analista ambiental da MRV, maior empresa do setor na América Latina, destaca que a preservação e uso sustentável da água é uma responsabilidade de todos, cidadãos, empresas e poder público, e defende uma mudança de cultura. “Fazer o reúso de água no nosso setor é fundamental. Nas obras da MRV, por exemplo, busca-se reaproveitar o máximo esse recurso, não só por meio de processos mais ambientalmente corretos, mas também por um trabalho contínuo de conscientização dos colaboradores”, destaca Jessika.
A analista ambiental explica que ações simples, se replicadas em larga escala, podem fazer muita diferença, como por exemplo, o processo de lavagem das pontas das betoneiras que são usadas nos canteiros de obras da MRV em Goiás. “Todo o volume de água coletado durante a lavagem desse equipamento é depositado num tanque para decantação (descida da sujeira mais pesada para o fundo). Depois essa água é levada para uma bacia de brita e vai para uma caixa d’água onde fazemos o reúso, ao regar plantas dos jardins e canteiro em volta da obra e para redução da poeira no terreno”, detalha Jessika.
Outro processo adotado pela MRV em suas obras em Goiás é o reúso da água que cai dos drenos dos aparelhos de ar condicionado instalados nas salas administrativas dos canteiros. “Na nossa obra do Gran Plaza, no setor Faiçalville, em Goiânia, instalamos um jardim suspenso e direcionamos o dreno direto para o jardim. Ele goteja diretamente e de forma constante no jardim, mantendo-o bem úmido. Também estamos instalando outro de maior porte no Gran Paris, uma obra nossa no setor Faiçalville, para o qual vamos direcionar a água de três drenos de aparelhos de ar condicionado”, afirma a analista ambiental, ao descrever boas práticas adotadas pela empresa e que podem servir de exemplo para outras companhias e outras obras.