O que a neurodivergência tem a ver com ESG? Tudo, já que um dos pilares do ESG é o social e tem levado as empresas a adotar a diversidade dentro das organizações. Isso inclui os neurodivergentes, que são, por exemplo, pessoas autistas, com TDAH, dislexia ou outras comorbidades e transtornos. Mas como é possível inseri-los no ambiente de trabalho? Esse foi o principal tópico da palestra “Neurodiversidade nas empresas: a inserção dos autistas e diversidade no mercado de trabalho”, de Rodrigo Assunção Rosa, no primeiro dia do Viasoft Connect (21 de junho), maior evento de inovação em gestão empresarial no Brasil.
Rosa é doutor em Administração de Empresas, professor e pesquisador da Universidade Positivo (UP). Segundo ele, a neurodiversidade no contexto do ESG é algo muito novo e é natural que as empresas tenham dúvidas sobre como fazê-la de forma eficiente e transparente. “Basicamente, é preciso entender as variações da cognição humana e ir além da diversidade que já existe nas corporações, como de gênero, raça ou idade. E buscar soluções para além das limitações que a sociedade impõe aos neurodivergentes, neurodiversos ou neuroatípicos, como também são chamados”, explicou.
Ele deu alguns exemplos, focados nas pessoas autistas, uma das neurodivergências mais sensíveis no ambiente corporativo. “Durante uma entrevista de emprego com um autista, que pode ter limitações de relacionamento social, é possível entrevistá-lo em um local tranquilo, silencioso e sem movimentação de pessoas”, sugeriu.
Já dentro das empresas, quando a pessoa está empregada, pode haver alguém de suporte ao neurodivergente, para orientá-lo sobre como agir em determinada ocasião. “Se o autista possui hipersensibilidade ao barulho, podem ser fornecidos protetores auriculares. Ou pode-se permitir que ele escute música enquanto trabalha ou fique num local mais isolado, por não gostar de interações humanas. Pode-se também criar uma sala especial de acomodação para quando o autista tem uma crise, para que ele possa se acalmar”, explicou o especialista.
No caso de uma pessoa com TDAH, por exemplo, algumas empresas oferecem salas de descompressão para os momentos de agitação ou perda de foco. Outras empresas que investem mais em neurodiversidade possuem até psicólogos dedicados a orientar os neuroatípicos. “São adaptações no ambiente de trabalho e em todo o processo que vão incluindo os neurodivergentes. É um movimento que está apenas começando, as empresas querem saber o que fazer e como fazer. Ainda temos muito chão pela frente”, analisou o professor.