Por Pedro Bouhid*
Com a lei 14.300 que entrou em vigor em janeiro e traz como principal ponto a cobrança da Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição (TUSD) Fio B, muito se discute se ela ainda segue vantajosa. A resposta é sim, principalmente para os grandes consumidores, pois eles já pagam pela demanda contratada e nela está embutida a remuneração pelo uso do sistema. Diferente do que foi alardeado por alguns setores, a lei trouxe impactos relevantes ao setor que geram ainda mais segurança e benefícios aos consumidores, em especial ao grupo A, segmento que se restringe a indústrias e estabelecimentos comerciais de grande porte.
É que no caso desse grupo de consumidores não se aplica a TUSD Fio B sobre a energia elétrica consumida entre 6h e 18h. É o chamado horário fora de ponta, normalmente o de maior consumo desses locais, já que boa parte funciona em horário comercial. Além da ausência de mudanças que eventualmente impactariam o negócio, o Marco Legal traz, na verdade, uma motivação a mais para as usinas fotovoltaicas continuarem uma realidade no segmento empresarial e industrial.
É que os consumidores do grupo A, como regra, precisam ter a demanda contratada compatível com a potência instalada do sistema. O que muda com a lei 14.300 é que o que antes era tratado como uma demanda de consumo convencional, agora é corretamente tradado como demanda de geração, que possui o custo menor que a metade. Outros pontos positivos são a maior segurança jurídica que o consumidor ganha com a nova regulamentação, além de não haver mais cobrança de duplicidade do custo de disponibilidade.
É um mercado que tem muito a ser desbravado e as empresas que se especializaram em atender esse nicho de mercado só tendem a crescer. Isso porque os setores de indústria, comércio e serviços representam cerca de 35% de toda a potência de energia solar utilizada hoje no Brasil, de acordo com Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar).
As perspectivas de crescimento não param por aí já que ao garantir melhores custos de produção, o setor industrial ganha em competitividade e melhores custos. Como exemplo, a partir da instalação de uma usina solar é possível economizar de 80% a 95% nos custos com energia elétrica. Além de acessível, com linhas de crédito específicas, é um investimento que se paga em até cinco anos em média. Após este período, o dinheiro economizado pode ser destinado aos mais variados investimentos para a própria empresa, seja na decisão de expandir a operação ou até mesmo se tornar mais competitiva perante os concorrentes, beneficiando o consumidor final com melhores preços.
Independentemente dos ganhos financeiros e da previsibilidade de custos que possibilita melhor planejamento dos investimentos, quando grandes consumidores decidem investir em energia solar é preciso destacar a importância dessa atitude refletida no meio ambiente. Tendência mundialmente demandada, empresas que investem em energia limpa saem na frente. É um primeiro passo para se implantar uma cultura ambientalmente correta. E se esse processo vem carregado de benefícios como menores custos, melhor ainda. É questão de tempo para o mercado não admitir mais organizações que não tenham um propósito sustentável ou que gerem sua própria energia.
Uma tendência que vai ao encontro do movimento ESG, do inglês Environmental, Social and Governance, que mede a preocupação de uma organização, independentemente do seu tamanho, em minimizar os impactos no meio ambiente, contribuir para a sociedade e aplicar as melhores práticas de gestão empresarial. Um ganho de imagem, claro, que logo deve ser acompanhado de mais uma possibilidade de lucro ao poder vender créditos de carbono ganhos com sua usina solar, uma vez que a regulamentação desse mercado está cada vez mais próxima.
A expansão do uso da energia fotovoltaica para empresas é apenas uma consequência natural do desenvolvimento de uma consciência ambiental, social e financeira que busca preservar os meios de produção e garantir a qualidade de vida das próximas gerações.
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Pedro Bouhid é diretor executivo da Yellot, empresa goiana no mercado de energia solar desde 2016.