Boa localização, perto de áreas verdes e parques, facilidade de acesso e mobilidade, proximidade com os bairros mais nobres da cidade, boas opções de moradia tanto horizontais quanto verticais, variedade de serviços. Todos esses são pontos em comum dos setores de Goiânia em ascensão. Junto com os benefícios já prestados em bairros nobres, essas características também elevam a capital goiana à segunda colocação no ranking do Índice de Bem-Estar Urbano (Ibeu), realizado pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia, que mensura o nível das condições urbanas necessárias para se viver nas cidades, especialmente nos grandes centros urbanos.
Entretanto, morar em setores considerados nobres tem um preço. No setor Marista, por exemplo, o valor do metro quadrado (m²) divulgado pelo Índice FipeZap em fevereiro chegou a R$ 7.580, enquanto o valor médio do m² da capital foi de R$ 5.333. Já no setor Bueno ou Jardim Goiás, o m² dos imóveis passa de R$ 6.500.
“Eles custam mais porque têm uma localização estratégica na cidade e também concentram muitos serviços ou são contemplados com estruturas com parques e praças”, explica o diretor de vendas da URBS Imobiliária, Edmilson Borges. Seu valor também é mais alto em razão da escassez e das regras de ocupação urbana do município.
“Muitas áreas nobres estão perdendo gabarito para construções, principalmente, vertical, sem contar na dificuldade de formação de novas áreas”, complementa.
A alternativa para quem não consegue arcar com esses valores é buscar os bairros em ascensão, especialmente aqueles que estão próximos aos setores mais valorizados. Eles acabam usufruindo dos serviços e estrutura dos “vizinhos nobres” e sua localização altera em pouca coisa a mobilidade dos moradores. “Eles o metro quadrado mais acessível e com a tendência de valorização porque vão absorver a alta demanda da classe média”, acentua o especialista.
Dois exemplos desses bairros em ascensão são o Pedro Ludovico e o Jardim América, que, segundo o Índice FipeZap, tiveram uma valorização de 26,2% e 21,1%, respectivamente, entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022. Confira quais são os cinco bairros em ascensão da capital:
Pedro Ludovico
Mesmo sendo um bairro antigo, da década de 1950, o setor Pedro Ludovico é um ponto de ligação entre bairros nobres como Jardim Goiás/Alto da Glória, com os bairros nobres da região sul, como os Setores Marista e Sul. O local tem boa infraestrutura, já que é cercado por opções de comércio, possui bancos, restaurantes e escolas, além de duas importantes áreas verdes: o Jardim Botânico e o Parque Areião, que estão entre as maiores da capital. O Parque Areião é um dos mais completos em estrutura com pista para caminhada, parques infantis, trilhas, auditório ao ar livre e, até mesmo, atividades de escotismo. O bairro também possui um mercado municipal, que oferece hortifruti, produtos naturais, especiarias e variedades. Passou por um momento de verticalização há cerca de 20 anos e, agora, também voltou a receber lançamentos imobiliários. O preço do metro quadrado médio no setor está em R$ 5.106, segundo a pesquisa Fipezap de fevereiro deste ano, o que o coloca como o mais valorizado entre no acumulado de doze meses, com 26,2% de aumento. Ano passado, o setor recebeu 2 empreendimentos, com 417 unidades residenciais.
Jardim América
Esse é um dos maiores setores de Goiânia, com população estimada em 41 mil habitantes. Começou a ser habitado por volta de 1953, após o desmembramento do antigo Setor Macambira, que também tinha a área que hoje corresponde ao setor Sudoeste. Na cena urbana, as casas ainda predominam, mas os lançamentos já estão chegando por lá, especialmente na parte mais próxima ao Goiânia Shopping e Parque Vaca Brava, dois vetores de desenvolvimento situados no setor Bueno, seu nobre vizinho. O metro quadrado médio de R$ 4.835, segundo a Fipezap. Mais acessível e pode ser uma oportunidade para quem escolhe o bairro: sua valorização entre fevereiro de 2021 e fevereiro de 2022, em Goiânia, chegou a 21,1% de aumento. Foi a quarta maior valorização na capital nesse período.
Setor Aeroporto
Bairro implantado já na fundação do município, ele nasceu para abrigar o aeroporto da nova capital. A Avenida República do Líbano, que corta o setor, foi a pista de decolagem dos aviões e a Praça do Avião era o aeroporto até o ano de 1955. Depois, passou a receber moradias e, nos anos 1980 e 1990, passou por um primeiro momento de verticalização, com edifícios grandes e espaçosos, mas houve um momento de estagnação para moradia, explica Edmilson Borges. A fase seguinte foi a concentração de clínicas e hospitais e, nos últimos anos, ele vem sendo revitalizado com a chegada dos novos lançamentos residenciais. Quem mora no bairro usufrui dos benefícios do setor Oeste, onde estão o Bosque dos Buritis e o Lago das Rosas, e também do comércio do setor Central, seu outro vizinho. Conta também com avenidas largas e de rápido fluxo e, apesar do movimento das clínicas, ainda possui ruas calmas com pracinhas. O preço do metro quadrado por lá gira em torno de R$ 6.200, de acordo com dados de inteligência de mercado da URBS Imobiliária.
Parque Amazônia
O diretor da URBS Imobiliária aponta que o bairro tem potencial para ser o “novo Bueno”, pois está localizado entre o nobre bairro e a Avenida Rio Verde, outro eixo em desenvolvimento da região metropolitana da capital. Nos anos 1990, ele era vetor de pequenos condomínios fechados, de sobrados, e de prédios populares. Mas, ao longo do tempo, se qualificou com a chegada do Parque Cascavel, o Buriti Shopping, na divisa com Aparecida de Goiânia, grandes redes de supermercados, bancos, boas escolas e lançamentos imobiliários com padrão melhor. Com largas avenidas, está em franca expansão, com um metro quadrado médio de R$ 5.500, segundo dados da URBS.
Setor Coimbra
Também nas proximidades de setores nobres e do Centro da capital, o setor Coimbra é destacado por Edmilson Borges como uma extensão do Bueno. Até porque a história dos dois bairros está ligada. O Coimbra, juntamente com o Bueno, foi dado pelo governo estadual como pagamento aos irmãos e engenheiros Abelardo e Jerônymo Coimbra Bueno, por seus serviços na construção de Goiânia nos anos de 1930. Criado oficialmente em 1951, sua ocupação começou a partir dessa década. Hoje se tornou um setor residencial com localização centralizada e estratégica. Conserva um ar interiorano e bucólico, mas está próximo de serviços dos setores Bueno, Campinas e Oeste. Segundo o diretor da URBS Imobiliária, seu processo de verticalização é muito recente, com grande potencial. “As construtoras e incorporadoras estão começando a enxergar o potencial de desenvolvimento desse setor, que ainda tem muito para crescer”, ressalta. Segundo relatório da imobiliária, de 165 unidades habitacionais ofertadas, 156 foram vendidas no setor.