Inflação deve dar o tom do varejo em 2022

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A inflação e o mercado de trabalho mais fraco devem dar o tom do varejo em 2022. Com o aumento de preços e a queda na renda do trabalhador, o brasileiro está concentrando suas compras em produtos mais básicos. Prova disso é o resultado da PMC do IBGE de novembro, que cresceu apenas 0,6% em novembro, mês de Black Friday.

No cenário internacional, a inflação também não dá trégua e o FED, Banco Central americano, deve começar a subir os juros ainda no primeiro trimestre, ainda que de forma gradual. Além disso, os efeitos da variante Ômicron impactam a demanda e a oferta de produtos.

Esses e outros temas são tratados no “Panorama Mercado&Consumo” desta semana, produzido pelo time da Gouvêa Analytics, integrante da Gouvêa Ecosystem. Confira, a seguir, os principais pontos de atenção nos próximos dias na economia.

Cenário econômico nacional

O IPCA, índice usado pelo Banco Central para a meta de inflação, mostrou alta de 0,76% em dezembro, fechando o ano em 10,06%. Apesar da descompressão em relação a novembro, o índice preocupa porque não ficou concentrado em energia e transportes como vinha acontecendo. No último mês do ano, alimentos e bebidas foram os maiores vilões. O aumento do índice de chuvas começa a melhorar a condição dos reservatórios, gerando um cenário mais tranquilo para a inflação de 2022.

Por conta do estouro da meta de inflação, o Banco Central teve que apresentar ao Ministério da Fazenda uma carta justificando os motivos que fizeram a inflação ultrapassar a meta de 3,75%, com teto de 5,25%. As justificativas ficaram mais no cenário internacional do que em possíveis erros na condução da política interna. Não foi citado, por exemplo, a incerteza relativa ao teto de gastos, que potencializou o valor do câmbio e contribuiu diretamente para o índice.

Os serviços, medidos pela Pesquisa Mensal de Serviços do IBGE, subiram 2,4% em novembro. Depois de duas quedas seguidas, o índice voltou a subir baseado em serviços de comunicações e transportes. Esse último bastante influenciado por transportes de passageiros.

O bom número é resultado do relaxamento das restrições, principalmente de viagens. Os efeitos da Ômicron no cenário só devem ser medidos em março, quando o instituto divulgara o número de janeiro. Além disso, o mercado de trabalho deprimido limita as perspectivas do setor em 2022.

Já o varejo, medido pela PMC do IBGE, cresceu 0,6% em novembro. O resultado mostrou que a Black Friday teve pouco efeito no período, já que móveis e eletrodomésticos tiveram queda. Supermercados, alimentos e farmácia levaram o índice par ao positivo.

A diminuição no efeito da Black Friday se deveu, além da antecipação de compras da época da pandemia dada a poupança forçada, também ao processo inflacionário que canalizou recursos para bens mais essenciais. Inflação e mercado de trabalho mais fracos devem dar o tom do indicador em 2022.

Cenário econômico internacional

A inflação também não dá trégua nos EUA. O número de janeiro assustou o mercado e atingiu o patamar de 7% anual. O core, que exclui alimentos voláteis e energia, bateu 5,5%, o maior dede junho de 1982, com a diferença de que, naquela época, a inflação vinha em queda de um pico de mais de 14%.

As quebras nas cadeias produtivas, o excesso de incentivos do governo e o mercado de trabalho aquecido são os principais causadores do pico. A inflação já está generalizada e 50% dos empresários afirmaram que vão aumentar os preços, o que deve castigar os salários. Mesmo com aumento nominal no mercado de trabalho, já é possível ver boa parte dos setores tendo aumento real negativo.

O FED, Banco Central americano, deve começar a agir mais rápido e os juros já devem subir no primeiro trimestre, ainda que de forma gradual. A compra de títulos deve ser suspensa com maior velocidade, abrindo espaço para subida. Depois de errar por algum tempo, dizendo que inflação era temporária, a autoridade monetária vai ter que forçar a mão, o que deve fazer com maior força apenas em 2023.

Os dados de vendas no varejo dos EUA mostraram queda significativa de 1,9% em dezembro, dando um sinal inequívoco de influência da variante Ômicron nos negócios.  Eletrônicos tiveram queda de 2,9% e móveis, de 5,5%, influenciados pelo efeito “rebote” das promoções de novembro.

A variante Ômicron atinge não apenas pelo lado da demanda, mas pelo lado da oferta. Os lojistas já sentem falta de produtos por conta de paralisações em fábricas, principalmente fora dos EUA. Outro fator importante, mais estrutural é a inflação, que está minando o poder de compra, principalmente dos mais pobres.

Com informações do portal Mercado & Consumo

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