Com a total ausência de fiscalização sob os ambulantes e a recente decisão da Prefeitura de Goiânia em autorizar o funcionamento da Feira Hippie às sextas-feiras, em local ainda improvisado, empreendedores da Região da 44 temem que o polo confeccionista se torne numa verdadeira praça de guerra, devido à disputa de espaço entre lojistas, feirantes e ambulantes.
Desde o lançamento da Operação Boas Compras no começo de outubro, que na avaliação de muitos empresários da região foi um completo fracasso da prefeitura, Associação Empresarial da Região da 44 (AER44) vem denunciando a ausência de fiscalização urbana por parte do poder público municipal.
“Durante a pandemia nossos lojistas foram os primeiros a terem que fechar as portas e por muito tempo tivemos que trabalhar com restrições de horários e de lotação. Já os ambulantes nunca pararam e fazem o que quer. E ainda hoje, neste fim de ano de retomada de lojas e dos empregos, eles invadem calçadas, ruas, atrapalham o trânsito de carros e o fluxo dos turistas de compras e a fiscalização municipal nada faz”, reclama Crhystiano Câmara, presidente-executivo da AER44.
O presidente lembra que a Feira Hippie historicamente sempre funcionou a partir do começo da tarde de sábado até o fim da tarde de domingo, justamente para evitar esse conflito entre lojistas e feirantes. Para Crhystiano, a volta do funcionamento da Feira Hippie às sextas é uma decisão imprudente. “Estamos no fim do ano, o movimento de carros, de pessoas e de ônibus é enorme. A região que sempre teve graves problemas de trânsito, ficará ainda mais tumultuada com o funcionamento da Feira Hippie fora da Praça do trabalhador, vai ficar intransitável e isso só faz afugentar o nosso turistas de compras”, explica o presidente da AER44.
Tensão
Crhystiano lembra ainda, que num passado não muito distante, a ausência da prefeitura para o devido cumprimento do ordenamento urbano levou a situações lamentáveis como brigas e até óbitos causados por desentendimento entre ambulantes. “Essa inoperância e irresponsabilidade da prefeitura gera uma forte tensão, que muitas vezes resultam em vias de fatos, quando não mortes”, destaca.
Para o presidente da associação empresarial, o prefeito Rogério Cruz precisa aprender a conhecer a cidade que governa.
“Ele [o prefeito] precisa lembrar que suas decisões impactam milhares de pessoas, e que por isso precisam ser planejadas. Os lojistas, que pagam seus impostos, cumprem com suas obrigações legais para abrir e funcionar seu negócio, já enfrentam a competição desleal com os ambulantes e agora perdem espaço para os feirantes”, afirma.
Obstrução da rodoviária
Os diretores da AER44 também ressaltam que a montagem da Feira Hippie tem invadido as ruas no entorno da Praça do Trabalhador, travando o trânsito na região, mesmo após a inauguração de uma importante obra de mobilidade, que é o Viaduto da Moda, que liga o setor Nova Vila ao Norte Ferroviário. O problema já afeta até mesmo o terminal rodoviário, que teve que improvisar um novo acesso dos ônibus à área de embarque e desembarque.
“Essa decisão sem qualquer planejamento da prefeitura está atrapalhando o funcionamento de um importante equipamento público, que é a rodoviária, e ao mesmo tempo deixa fechada por três dias na semana uma infraestrutura de mobilidade importante pra toda a cidade”, explica o presidente da AER44.
Atualmente, a feira ocupa grande parte da Av Leste-Oeste, uma boa parte da Rua 44 até uma das entradas da Rodoviária; também ocupa uma enorme área na Viela 44, que fica entre a Praça da do Trabalhador e o Terminal Rodoviário; e também está numa grande extensão da AV. Goiás.
Para os diretores da AER44, o prefeito Rogério Cruz, apesar de várias promessas feitas aos empresários e lojistas da Região da 44, tem se mostrado negligente e omisso com esse polo confeccionista que é atualmente o maior empregador de Goiás.