Cooperativas movimentam mais de R$ 4 bilhões na região central de Goiás

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(Foto: Freepik/rawpixel.com)

O cooperativismo é responsável por movimentar mais de R$ 4 bilhões ao ano na região central de Goiás, segundo levantamento inédito realizado pelo Departamento de Estatísticas do Sistema OCB/GO. Isto representou 28,3% do faturamento anual das 235 cooperativas goianas em 2020, com destaque para as que atuam nos ramos do crédito (faturamento de R$ 1,4 bilhão) e da saúde (R$ 2,2 bilhões).

O chamado Núcleo Central, formado por 87 municípios goianos, possui 115 cooperativas, praticamente a metade das unidades em atividade no Estado. Goiânia concentra a maior quantidade: 51,3% das cooperativas em atividade na região central e 38,7% de todas em Goiás. Em segundo lugar, Anápolis (com dez ativas). As duas cidades são sede, portanto, de 60% das cooperativas em atividade no Núcleo Central.

Das 115 cooperativas na região central do Estado, 29 são do ramo agropecuário (25,2% do total), 24 no de transporte (20,9%), 23 na área da saúde (20%) e 20 na de crédito (17,4%). O Núcleo Central também responde pela maior quantidade de empregos diretos gerados (5.264 no total) pelas cooperativas goianas, com destaque para as que atuam nos ramos da saúde (2,4 mil colaboradores) e crédito (quase 2 mil). É também a região com a segunda maior arrecadação de impostos no cooperativismo goiano, com R$ 96 milhões em 2020. O ramo agropecuário é o que mais contribui para a arrecadação de impostos na região: 83,4%.

O levantamento observou que 57 municípios goianos da região central não possuem cooperativas filiadas ao sistema OCB/GO. Entretanto, isto não quer dizer que inexistem cooperativas em atuação nestas cidades. É que as suas sedes estão concentradas em 30 municípios da região, mas a maioria delas tem atuação em todo o Estado e, em muitos casos, no Centro-Oeste brasileiro e até em todo o território nacional.

“É possível ampliar, de forma significativa, a presença do cooperativismo em todos os municípios goianos. O levantamento mostra que as cooperativas têm forte poder para movimentar a economia local, gerar empregos e renda. E, principalmente, gerar novas oportunidades de desenvolvimento econômico e social”, afirma o presidente do Sistema OCB/GO, Luís Alberto Pereira.

Oportunidades

O levantamento do Sistema OCB/GO identificou que há potencial para o crescimento do cooperativismo no Núcleo Central de Goiás. A região responde por 52,7% do Produto Interno Bruto (PIB) e 51% da população do Estado e demonstra ser aquela com maior potencial de geração de empregos. Quando se analisa a concentração das cooperativas com registro ativo na OCB/GO, verifica-se que o porcentual de unidades na região central (aproximadamente 50%) é menor do que a concentração de empresas (60,1%).

Entre as oportunidades são destaques as possibilidades de intercooperação entre cooperativas de reciclagem e as cooperativas de artesãos, aproveitando resíduos do processo produtivo do setor têxtil. Essa interação, ao colocá-las como importantes agentes da economia circular, contribui para o desenvolvimento sustentável, e as fortalece como modelo de negócio, ao ensejar uma operação de baixo custo.

“Incentivos e fomentos para o fortalecimento de cooperativas de reciclagem são sempre providenciais, haja vista a posição de vulnerabilidade dos cooperados que exercem atividades nestas cooperativas em um cenário caracterizado por um mercado de trabalho com dificuldades de absorção”,  destaca Fernando Oliveira, economista do Sistema OCB/GO que participou da elaboração do estudo.  

O levantamento aponta quais ramos apresentam as maiores oportunidades para o cooperativismo goiano no Núcleo Central do Estado: infraestrutura, principalmente habitacionais; nos ramos de trabalho e de produção de bens e serviços, uma vez que os dez maiores setores em termos de pessoal ocupado estão voltados para a prestação de serviços; cadeia têxtil; segmento moveleiro, especialmente na fabricação de móveis e colchões; reciclagem; transporte escolar (após vencida a pandemia da Covid-19); e no setor agropecuário, especialmente na produção de derivados de leite e na avicultura. “Outra oportunidade revela-se para cooperativas do ramo transporte, no atendimento de necessidades de pais que precisam deixar seus filhos nas escolas, demanda que tende a se acentuar rapidamente devido à retomada das aulas presenciais em Goiás”, afirma o economista Fernando Oliveira.

“Considerando o Núcleo Central como eixo principal do desenvolvimento econômico do Estado, os dados sugerem seu potencial de exploração para formação de novas cooperativas, bem como o desenvolvimento das que estão constituídas”, afirma o estudo da OCB/GO. Há também potencial para parcerias com as prefeituras e entidades classistas em busca do fortalecimento do cooperativismo em municípios goianos que ainda não são sedes de cooperativas. Um exemplo é o caso de Aparecida de Goiânia, onde o estudo da OCB/GO identificou que apenas duas cooperativas têm sede no segundo maior município goiano.

“Os dados apresentados neste mapeamento apontam para as potencialidades e desafios do movimento cooperativo na redução dos desequilíbrios regionais, com uma maior interiorização das cooperativas, qualificação profissional, geração de empregos e aumentos de salários e remunerações ancorados em uma política de aumento de produtividade das atividades econômicas. As cooperativas têm um papel importante no crescimento do PIB goiano, na geração de empregos e renda. Este mapeamento nos traz desafios que só poderão ser enfrentados com uma visão de futuro e o fortalecimento do cooperativismo goiano nos próximos dez anos, com vontade de mudar, paixão, know-how para assumir a responsabilidade de mudança no perfil de desenvolvimento econômico goiano”, afirma o economista e professor da PUC Goiás, Jeferson de Castro Vieira.

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