Em entrevista, o secretário estadual da Retomada, César Moura, fala do cooperativismo como ferramenta para fortalecer os segmentos produtivos mais frágeis diante dos severos desafios impostos pela pandemia de Covid-19. Confira abaixo:
Qual é, na opinião do senhor, a importância dessa união de esforços do Sistema OCB/GO e do Estado para apoiar o empreendedorismo como solução para superar os impactos causados pela pandemia de Covid-19 no emprego e na renda das pessoas?
Na Secretaria da Retomada prezamos pela máxima de que é essencial criar conexões para que nossos programas e projetos possam chegar ao maior número possível de goianos e atender, da forma mais eficiente possível, aqueles em maior vulnerabilidade. Enxergamos no empreendedorismo uma ferramenta de extrema importância como alternativa para enfrentar os efeitos da pandemia. Prova disso é a nossa constante preocupação em incluir o apoio ao empreendedorismo em nossos principais programas, como é o caso do Mais Crédito e Mais Empregos, este, também responsável por concentrar iniciativas que vão despertar a vocação empreendedora dos goianos.
Como o senhor avalia o potencial do modelo de negócio cooperativista como alternativa de empreendedorismo para gerar emprego e renda, principalmente em regiões mais carentes do Estado?
Uma das vantagens do sistema cooperativista é justamente o de poder estar em cidades ou regiões que não são atraentes economicamente a grandes grupos ou empresas dos mais variados ramos. Outro ponto de destaque é que a riqueza gerada no local é distribuída e fomenta uma cadeia enorme de beneficiados direta e indiretamente no município e região. Através da gerência de Cooperativismo da Secretaria da Retomada, estamos atuando na identificação de potencialidades locais e no estímulo à criação de cooperativas, além do fortalecimento e desenvolvimento das entidades já existentes.
O Sistema OCB/GO estima que, em parceria com o governo estadual, é possível estimular a criação de 500 cooperativas até o final de 2022, com geração de, no mínimo, 10 mil empregos diretos e 30 mil indiretos. Quais medidas podem ser adotadas pelo governo em curto e médio prazos, para que esse potencial seja alcançado?
Foi justamente por saber da urgência e relevância das cooperativas para geração de emprego e renda que o governador Ronaldo Caiado lançou, em dezembro do ano passado, o Programa Coopera Goiás, em parceria com a OCB/GO. Gerenciado pela Retomada, a iniciativa visa o fortalecimento do cooperativismo no Estado, a partir de conexões com parceiros para a oferta de consultorias, palestras, acompanhamento de processos constitutivos e redes de apoio. Neste primeiro momento do programa, equipes da secretaria têm visitado cooperativas dos mais diversos segmentos, de reciclagem a produção de mel, por exemplo, para entender o atual cenário, as demandas, e como o Estado pode ajudar no desenvolvimento e fortalecimento destas entidades. Quanto maior o sucesso das cooperativas goianas, mais fácil será convencer outros grupos a aderirem ao sistema cooperativista. A garantia de emprego e renda é uma preocupação constante na Secretaria da Retomada. As cooperativas cumprem, além do trabalho, outro fator essencial nas nossas ações, que é a questão social, sem dissociar da econômica.
Apoiar e orientar a constituição de novas cooperativas são propósitos do Sistema OCB/GO, que também administra o Serviço de Aprendizagem no Cooperativismo (SESCOOP), responsável por oferecer qualificação e formação aos colaboradores e dirigentes. O senhor acredita que essa base para a criação de novas cooperativas pode ser um fator decisivo para acelerar a retomada da economia goiana?
Acreditamos na qualificação e capacitação dos trabalhadores goianos como forma de facilitar o acesso às milhares de vagas de emprego disponíveis hoje no nosso Estado. Percebemos que, muitas vezes, a formação acadêmica não é mais o suficiente para a contratação. No caso da Retomada, temos a estrutura dos Colégios Tecnológicos com foco justamente nesta proposta. Eu faço parte de um grupo enorme dentro do Governo de Goiás que acredita no potencial palpável das cooperativas como instrumentos de aceleração da retomada econômica e social em Goiás. Cito novamente o apelo social, pois é algo que está no DNA da Retomada, a pedido do governador Ronaldo Caiado e da primeira-dama Gracinha Caiado. O que nos motiva a acreditar no papel das cooperativas para a retomada do Estado é justamente a capacidade que elas têm de levar renda, emprego e desenvolvimento local, o que gera impacto direto na vida das pessoas.
Baratear a criação dos arranjos produtivos como forma de eliminar barreiras para iniciativas cooperativistas é uma das principais medidas defendidas pelo sistema OCB/GO. Para isso, o cooperativismo goiano solicita a isenção da taxa de abertura de cooperativas, junto à Juceg, até o final de 2022, a exemplo de iniciativas semelhantes aplicadas em outros Estados. O senhor acha que é possível atender a essa reivindicação? O que seria necessário para isso?
Levei pessoalmente esta demanda ao governador Ronaldo Caiado, que solicitou um estudo de impacto financeiro nas contas do Estado. Assim que este levantamento ficar pronto ele vai decidir sobre esta pauta.
Qual a perspectiva em relação às nomeações dos representantes dos sistemas Sicoob e Sicredi para o Conselho de Desenvolvimento do Estado de Goiás – CDE/FCO?
Estas nomeações estão em andamento, mas não há como informar o estágio atual. Portanto, não há previsão para efetivação destas nomeações.
O projeto IncubaCoop é uma das medidas adotadas para atender ao chamamento da Secretaria da Retomada para geração de emprego e renda. A iniciativa tem a capacidade de incentivar, registrar, profissionalizar e fortalecer cooperativas em todo o Estado. De que forma o governo vai atuar junto ao Sistema OCB/GO nesse projeto e qual a importância dessa estrutura para a retomada da economia goiana?
Já iniciamos o mapeamento da real situação econômica e social dos municípios goianos, por meio da Caravana da Retomada. Nossa equipe tem identificado grupos que precisam de fortalecimento econômico frente ao mercado. A ideia é que a Secretaria da Retomada fomente parcerias público-privadas em conjunto com as prefeituras, OCB/GO, Sebrae e indústrias locais para a ordenação do arranjo produtivo local (APL). A pandemia escancarou a vulnerabilidade dos pequenos empreendedores. É por isso que precisamos fortalecê-los em cooperativas junto a outros empreendedores, para que o negócio em comum traga rentabilidade para todos os envolvidos.
Outra estrutura de fomento à economia do Estado, criada pelo sistema OCB/GO, é o espaço Inovacoop, concebido para incentivar a criação de startups. Em sua opinião, como a inovação, baseada em ideias disruptivas e no uso da tecnologia para encontrar soluções inteligentes para os problemas enfrentados pelas empresas pode contribuir para recuperar a economia goiana?
Este apoio oferecido pela OCB/GO por meio do Inovacoop é muito relevante, pois é um incentivo e reconhecimento da importância desta nova categoria de negócios que envolvem tecnologia e soluções inteligentes. Dar luz a ideias que podem resolver problemas de empresas e entidades é uma atitude que considero digna de aplausos. Ofereço todo apoio e disposição para a criação de conexões necessárias para que ações como as desenvolvidas no Inovacoop envolvam cada vez mais gente e beneficie o maior número possível de goianos.